
A recém-criada União Progressista, resultado da fusão entre União Brasil e Progressistas (PP), foi lançada nesta terça-feira, 19, em Brasília, já com forte cobrança de afastamento do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que a presença de integrantes do partido na Esplanada dos Ministérios é “constrangedora” e defendeu que o desembarque da federação da base governista aconteça “o mais rápido possível”.
Ministros na Esplanada Federal
O discurso de Nogueira colocou em xeque ministros que integram a nova legenda. André Fufuca (PP), titular do Esporte, disse que permanece aliado ao presidente: “Meu voto pessoal é dele (Lula)”. Celso Sabino (União Brasil), ministro do Turismo, afirmou que muitos correligionários reconhecem avanços da atual gestão e que qualquer decisão sobre ruptura será deliberada coletivamente pelas executivas e bancadas. Outros nomes da federação no governo são Waldez Góes (Integração) e Frederico de Siqueira (Comunicação), ambos ligados a articulações de Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado.
Apesar das resistências internas, o clima predominante no evento foi de distanciamento do Planalto. O governador Ronaldo Caiado (GO) defendeu uma posição clara de enfrentamento e disse que a federação deve trabalhar para “derrotar Lula”. Nos bastidores, dirigentes avaliam que a saída formal do governo será confirmada em até dois meses, prazo que coincide com a homologação da federação pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Maior força política no Congresso
A União Progressista nasce como a maior força do Congresso, com 109 deputados e ao menos 14 senadores, além de sete governadores e mais de 1,3 mil prefeitos. A nova sigla também passa a controlar a maior fatia do fundo eleitoral, estimado em R$ 953,8 milhões, e do fundo partidário, em R$ 197,6 milhões, o que a coloca no centro das articulações de poder até as eleições de 2026.
Em meio às cobranças por rompimento, Alcolumbre buscou amenizar a disputa política. Segundo ele, a União Progressista não deve ser vista como oposição nem como base aliada, mas como “um movimento de política com ‘P’ maiúsculo voltado para o futuro do Brasil”. Ainda assim, a fala de Ciro Nogueira reforçou a pressão sobre Lula e sinalizou que a permanência da federação na base governista está cada vez mais insustentável.
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Fonte: UOL