
Confinado em sua residência em um bairro de classe média alta de Brasília, Jair Bolsonaro (PL) completou, no sábado (4), dois meses de prisão domiciliar, medida imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde então, o ex-presidente tem se dividido entre consultas médicas, reuniões políticas e momentos de lazer, como assistir a jogos de futebol e noticiários na TV.
De acordo com informações do jornal O Globo, Bolsonaro recebeu mais de 30 visitas de aliados e políticos nos últimos dois meses, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). As conversas abordam temas como as eleições de 2026 e os planos para a reorganização da direita.
Pedido de anistia se torna prioridade
Em seus encontros, o ex-presidente tem enfatizado uma questão central: o pedido de anistia. Bolsonaro deixou claro a seus aliados que só aceitaria uma negociação que resultasse em um perdão total e irrestrito, rejeitando qualquer proposta de acordo que reduzisse sua pena a dois ou três anos, mesmo em regime domiciliar. A proposta de uma anistia parcial, que vinha sendo discutida por setores do PL ligados ao Centrão, perdeu força no Congresso, especialmente após o projeto de dosimetria, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), perder apoio. Com a derrota da "PEC da Blindagem", a ideia de uma anistia total voltou a dominar as conversas dentro do círculo próximo de Bolsonaro.
Saúde comprometida e preocupações com transferência para a Papuda
Além das negociações políticas, Bolsonaro enfrenta problemas de saúde. No início de outubro, ele foi internado por dois dias em um hospital particular em Brasília devido a crises de soluço e refluxo. O médico que o acompanha, Cláudio Birolini, explicou que esses episódios se agravam quando Bolsonaro fala por longos períodos. Segundo aliados, o ex-presidente tem usado seu estado clínico como argumento para permanecer em prisão domiciliar e evitar ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, uma possibilidade que tem gerado apreensão em seu entorno.
Rotina doméstica sob os cuidados de Michelle
A casa de Bolsonaro, antes palco de transmissões ao vivo e encontros com pastores, agora se assemelha a uma enfermaria. Medicamentos e receitas médicas estão espalhados pela casa, enquanto Michelle Bolsonaro organiza a rotina doméstica, cuidando da alimentação e da administração dos remédios do marido. Em grande parte do tempo, o ex-presidente se dedica à televisão, especialmente a transmissões esportivas e programas de notícias. Segundo pessoas próximas, Bolsonaro frequentemente reage às matérias sobre sua condenação e sobre o futuro da direita brasileira, demonstrando preocupação com o cenário político de 2026.
Fonte: O Globo