O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizaram nesta segunda-feira (6) a primeira conversa oficial desde o retorno do republicano à Casa Branca. A videoconferência, acompanhada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, foi considerada "positiva" pelo governo brasileiro.
“Foi uma troca de ideias positiva”, avaliou Haddad, que participou diretamente do Palácio da Alvorada, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Sidônio Palmeira (Secom).
Primeira conversa desde a eleição de Trump
O encontro virtual marca o primeiro contato direto entre os dois líderes desde a posse de Trump no início de 2025. Embora tenham se cumprimentado brevemente durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, o diálogo desta segunda-feira foi o primeiro com pauta definida e acompanhamento das equipes diplomáticas.
A relação entre Lula e Trump, inicialmente marcada por expectativa e cautela, começou a se desenhar nos bastidores ainda durante o evento da ONU, quando ambos demonstraram uma aproximação inusitada.
“Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu”, disse Lula, na ocasião, ao comentar a boa impressão deixada pelo norte-americano.
Trump também chegou a dizer que houve "química" entre os dois líderes — uma expressão raramente usada por ele em diplomacia internacional.
Tarifa de 50% é principal ponto de tensão
O tema mais sensível da conversa foi o chamado “tarifaço” imposto por Trump contra produtos brasileiros. Desde agosto, o governo norte-americano aplica taxa de 50% sobre cerca de 36% das exportações do Brasil, com impacto direto em setores como agronegócio e mineração.
Trump justificou a medida citando déficit comercial com o Brasil, além de questões políticas internas, como a investigação contra Jair Bolsonaro e alegações de restrições à “liberdade de expressão” de americanos em território brasileiro, pontos considerados infundados por técnicos e diplomatas.
Governo brasileiro pede diálogo e respeito à soberania
Lula reforçou a defesa da soberania nacional, incluindo a independência do Judiciário, mas reiterou o interesse em manter diálogo aberto com os Estados Unidos, especialmente em temas de interesse mútuo.
Entre os assuntos em pauta estiveram regulação das big techs, exploração de terras raras e tecnologias limpas, áreas em que os dois países podem atuar em conjunto.
O Itamaraty vê o encontro como um passo importante para reabrir canais de cooperação e acredita que a videoconferência possa evoluir para uma reunião presencial ainda este ano.
Fonte: G1, Brasil 247
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