
Criada em 2020, o projeto esportivo Copa MOVJURL se transformou em um dos campeonatos amadores mais disputados da capital. São 16 equipes, metade da zona rural, metade da zona urbana, divididas em quatro grupos. A fase de grupos acontece entre junho e agosto. Depois vêm quartas, semifinal e final, marcada para o início de outubro.
“O formato é curto: cada time faz só três jogos na primeira fase. Isso obriga todo mundo a dar a vida em campo”, explica o idealizador do campeonato Ariclenes Freitas, professor de Educação Física e fundador do Movimento da Juventude Rural de Teresina – MOVJURL, ONG que organiza a competição.
No Podcast Piauí Hoje, ele explicou para a jornalista Malu Barreto, como tudo funciona. Os jogos acontecem aos sábados, às 16 horas, e se alternam entre campos da zona rural, como a Fazenda Nova e Cacimba Velha, e espaços urbanos, como o Clube dos Comerciários. A entrada é gratuita, e os torcedores só precisam chegar cedo para garantir um bom lugar. Algumas partidas já reuniram mais de 400 pessoas à beira do gramado. O prêmio pode chegar a R$ 25 mil, valor que soma a taxa de inscrição (R$ 1 mil por clube) e doações de 20 patrocinadores locais, que vão desde mercadinhos até lojas de colchão.
Ariclenes ressalta que a copa movimenta a economia comunitária. Barracas de água, churrasquinho e galinha caipira se instalam ao redor do campo e geram renda extra. “Mais de 15 ambulantes foram cadastrados só na abertura”, conta.
Segundo ele, a visibilidade do torneio cresceu após o “Golaço da Várzea” de 2022, marcado pelo atacante Dudu na final e eleito pelo programa Golaço da Base, do Esporte Espetacular (TV Globo), como um dos mais bonitos do ano. Desde então, a competição ganhou transmissões ao vivo pelo canal Chama Gol, no YouTube, e atraiu novos patrocinadores.
Para o professor, o título mais importante é social: “O futebol ocupa os jovens, revela talentos e fortalece o sentimento de comunidade. Todo jogo é uma aula de cidadania, na prática”.
Entenda o que faz o Movimento da Juventude Rural de Teresina
Antes de fazer a bola rolar na Copa MOVJURL , o Movimento da Juventude Rural de Teresina já atuava em outra frente: formação profissional. Fundado em 2018, o grupo oferece cursos livres de 60 h a 300 horas em comunidades rurais, com material, certificado e carta de recomendação.
Em cinco anos, o projeto já capacitou mais de 4 mil jovens e adultos em cursos como assistente administrativo, agente de portaria, cuidador de idosos e recepcionista. As turmas têm uma taxa simbólica de R$ 40 a R$ 50, que cobre apenas a impressão dos certificados, já que os professores atuam como voluntários. "Levar o curso até a localidade corta gastos com transporte e garante a presença dos alunos", explica Ariclenes, informando que alguns dos formados já estão empregados em casas de repouso e condomínios de Teresina.
O projeto promove outras ações, como campanhas solidárias, incluindo a distribuição de cestas básicas e 20 mil máscaras durante a pandemia, com apoio de bandas de forró. Também foram realizadas audiências públicas para debater questões como segurança rural e melhorias em estradas vicinais, como a que aconteceu na Grande Cacimba Velha. Outra iniciativa é o "Golaço da Base", uma escolinha de futebol gratuita para 150 crianças, feita em parceria com o canal Chama Gol.
Para o futuro, o MOVJURL pretende lançar um site para divulgar oportunidades de emprego e ampliar o torneio feminino, que terá segunda edição em 2025. Há também o esboço de um mini-estádio na zona rural, ideia já apresentada à Secretaria Municipal de Esportes. “Zona rural e cidade precisam dialogar, especialmente quando falamos de juventude. Com espaço para aprender, praticar esporte e mostrar talento, os jovens conseguem enxergar um futuro melhor”, destaca Ariclenes.
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