
A entrevista conduzida por Bial, ao invés de representar um espaço de debate plural e crítico, revelou-se uma encenação rasa, marcada por um tom de conivência com Kassab, Hartung e figuras da direita que hoje se alinham com a extrema-direita representada por Tarcísio e pelo bolsonarismo. Em primeiro lugar, ficou evidente que se tratou de uma conversa politicamente conivente, que suavizou perfis controversos enquanto concentrava críticas desproporcionais no governo Lula, reforçando uma visão distorcida e parcial. Essa postura se conecta a um segundo aspecto: a crítica seletiva, que opera como instrumento de neutralização. Ao focar as acusações apenas contra Lula , sem o mesmo rigor em relação a personagens que defendem indulto a criminosos ou que minam a democracia, a entrevista se coloca a serviço de uma narrativa que busca enfraquecer o campo progressista.
O terceiro ponto central é o perigo da chamada “estética moderada”, apresentada como neutralidade ou equilíbrio, mas que, na prática, legitima pautas conservadoras. A entrevista utilizou esse recurso estético para naturalizar falas e trajetórias de atores que têm papel ativo no desmonte de direitos e na normalização de projetos autoritários, camuflando-os sob a aparência de diálogo democrático. Soma-se a isso o quarto elemento: o oportunismo ideológico. A escolha de convidados como Kassab, Hartung e a referência indireta a Tarcísio não é ingênua. São nomes associados a práticas políticas que sustentam a desigualdade e fragilizam conquistas sociais, mas que ali foram tratados com deferência e elogios, enquanto se reservava ao governo progressista o lugar da desconfiança e da acusação.
O quinto ponto é que a entrevista ignora deliberadamente o fato de que a esquerda sempre apresentou um discurso transformador — e mais do que isso: cumpriu-o cada vez que governou. Foi a esquerda que tirou o Brasil do mapa da fome, que expandiu universidades e institutos federais, que elevou o salário mínimo acima da inflação, que reduziu a pobreza e deu dignidade a milhões. Esse histórico de conquistas concretas, sustentado por políticas públicas reais e reconhecido internacionalmente, é a prova de que não falamos apenas em transformação, nós a realizamos.
A conclusão inevitável é que a entrevista foi vergonhosa e rasa, um palco de legitimação para a direita e a extrema-direita, com ataques ao governo Lula travestidos de imparcialidade. A esquerda precisa responder não apenas com indignação, mas reafirmando sua trajetória de resultados concretos para o povo brasileiro. Em vez de aceitar a lógica da “média” que dilui diferenças fundamentais, é preciso lembrar que não existe neutralidade diante de quem ameaça a democracia. A reação popular nos comentários — majoritariamente contrária a Bial, Kassab e Hartung — mostra que a consciência crítica está viva, e cabe a nós fortalecê-la, denunciando a superficialidade e defendendo uma política que já provou ser transformadora e comprometida com o povo.
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