Conciso

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Consequências da criminalidade

Quarta - 07/11/2018 às 11:11



Foto: Imagem ilustrativa/Google Homicídio
Homicídio

Atualmente, as segundas-feiras começam informando-nos sobre a criminalidade ocorrida no final de semana. Tem de todos os tipos. Roubos, assaltos, discussões que levam a brigas ou até mortes em decorrência do álcool ou drogas ilícitas de maior efeito. Uma realidade que nos assombra e entristece, pois, ao analisarmos bem, a maior parte poderia ser evitada. 

Neste último, na capital Teresina, ocorreu o assassinato de uma adolescente de 14 anos. A mesma, junto ao comparsa utilizando motocicleta, estava praticando roubos e encontrou seu infortúnio na reação de uma das vítimas, ao subtrair seu aparelho celular. Seu corpo ficou estirado ao chão enquanto o companheiro fugiu.  

No velório, equipes de TV deslocaram-se até lá em busca de finalizar a matéria e tentar explicar para a sociedade os fatos a levar àquela jovem a perder sua vida de forma tão trágica, infeliz e prematuramente. Então, fica-se sabendo de que ela havia largado os estudos há um ano, estava com a relação complicada com a mãe e que tinha enveredado para a criminalidade.  

Eis que a indignação e frieza do pai da menina, em entrevista, choca “Eu não sei quem é e nem sei qual foi o motivo que ele teve para atirar nela, agora só quero justiça com quem veio buscar ela aqui para levar para roubar, faz o mal porque mais na frente ele pega outra menor e leva para fazer a mesma coisa, porque agora ele não está aqui, cadê o telefonema que ele não deu? Mas para chamar para roubar veio, então tem que ter Justiça desse lado porque se prenderem os que andam carregando os menores para fazer isso daí acaba com a criminalidade, mas se não prenderem fica do mesmo jeito porque ele está aí solto e ela está dentro do caixão”. 

Dois pontos nos chamam atenção nessa fala. O primeiro é como pai não demonstra nenhum tipo de remorso pela morte da filha; para ele, ela é a única responsável porque buscou esse fim ao escolher as más companhias à proteção da família, redimindo-se de qualquer culpa na escolha da filha. O segundo, comprovamos o quanto a sensação de insegurança e aumento da pobreza têm banalizado a vida e escancarado um conflito de classes que poucos admitem. 

Sim, vivemos numa guerra de “mocinhos contra bandidos” e a indagação a ser posta é: quem são ambos? Alguém mais desatento dirá que os mocinhos são as pessoas de bem, que trabalham e ganham sua vida honestamente. Não estão errados. O problema dá-se devido a desigualdade e concentração de renda no Brasil leva para o lado dos bandidos os negros, pobres e não tiveram acesso à educação, para proporcionar uma vida digna que não os fizessem escolher pela criminalidade. Em suma, os excluídos.  

Para buscar uma resolução eficaz de mudança desse quadro, tenho a plena convicção que não será como afirmou o governador eleito do Rio de Janeiro, um ex-juiz federal novato na política e que perdeu uma oportunidade de ficar calado. Disse o futuro chefe do executivo: "O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e... fogo! Para não ter erro”. Então ele já decretou, se estiver em poder qualquer objeto similar a um fuzil, é bandido e precisa ser “abatido”. 

Essa triste declaração piorará ainda mais a guerra de classes, não haverá mais segurança nem para saber em qual parte as pessoas se encaixam e o medo continuará rodando o cotidiano. Um pouco mais de sensibilidade e respeito da parte do pai da jovem e políticas públicas para o social do governador eleito, já trariam uma luz para termos uma mudança contundente neste aspecto. 

Mas, infelizmente, estamos vendo o domínio da barbárie não só dos cidadãos como também dos governantes. Oremos. 

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Joaquim Lourenço

Joaquim Lourenço

Joaquim Lourenço é licenciado em Letras pela Universidade Federal do Piauí e advogado pela FAP Mauricio de Nassau

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