
A disputa política entre grupos e partidos no país, considera-se, chegou ao seu ápice essa semana. Mais precisamente na quarta-feira dia 10 de maio. A maior liderança das esquerdas na América Latina, o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, prestaria seu depoimento ao tão falado e famoso juiz federal da 3ª Vara de Curitiba, Dr. Sérgio Moro.
Pesavam contra o ex-Presidente denúncias de recebimento de propina na época a qual era chefe do executivo, e a suposta aquisição de um apartamento tríplex comprovariam a corrupção. Nota-se, naquele juiz, um esforço incomum em levar à sociedade sua sentença de prisão do homem considerado, para muitos, o “pai dos pobres”.
Não me aterei à história do Lula e tampouco à do juiz Sérgio Moro, teceremos sobre a audiência de ambos e sua repercussão.
Para quem assistiu sem edição e com olhar mais racional, notava-se um clima tanto pesado. Devido às circunstâncias, era até natural. Ressalta-se que presidindo uma audiência, o juiz Sérgio Moro portou-se de forma correta e educada, procurando deixar o ambiente agradável; problema foi o desenrolar, com suas repetições desnecessárias e perguntas fora do processo, deixando os advogados de defesa irritados.
Quanto a Lula foi muito bem. Começando com “nenhuma pergunta é difícil para quem diz a verdade”, mostrou segurança nas respostas e – deixou isso claro – um incômodo ao falar de sua esposa falecida recentemente, dona Marisa Letícia Lula da Silva. Desde sua morte ela não deve mais ser considerada como investigada e a defesa alegou nos autos, mas o juiz Moro fez pouco e manteve-a.
Dona Marisa foi bastante citada na audiência. As perguntas quase sempre tinham seu direcionamento e as respostas não poderiam faltar seu nome. Quem possui um ente muito querido a deixar-nos cedo sabe o quanto é preciso força para manter a estrutura. E Lula, a meu ver, manteve, mesmo diante de certo festival de horrores quando se tratava de sua companheira.
Mal sabia eu que na audiência seria apenas o começo. A bestialidade dos comentários nas redes sociais ou pessoalmente, faz-nos desacreditar se ainda existe benevolência humana. Dona Marisa, mesmo depois de sua páscoa, virou motivo de piadas, deboches, revoltas, matéria negativa nos principais jornais e sua foto escancara a revista semanal de maior circulação, reconhecidamente contrária ideologicamente às esquerdas.
A capa, além de antiética e pseudojornalística, é de uma atitude criminosa perante uma ex-primeira-dama, mãe e, acima de tudo, mulher brasileira. Melhor nem lembrar o ocorrido por alguns “cidadãos de bem” nos dias em que agoniava no hospital, vítima do AVC responsável por seu óbito. Faltou - de boa parte dos contrários a Lula - à dona Marisa o princípio básico para civilidade: respeito. Mostrando o porquê nós brasileiros ainda temos muito a evoluir neste quesito para alcançar os demais.
Compreende-se o retrocesso no qual estamos e tardará a sairmos, pois teimamos em não pensar no bem de todos e praticar o respeito.
