A infância feminina está passando por uma transformação silenciosa e preocupante. A psicóloga Ana Cecília Bugija alerta que as meninas estão iniciando a puberdade cada vez mais cedo, por volta dos oito ou nove anos, um fenômeno que traz consequências profundas para sua saúde mental.
No podcast Mulher Mais, comandado pela jornalista Michele Sâmia e pela ex-vereadora Rosário Bezerra, ela explica que esse desenvolvimento precoce se combina com outros fatores de risco, como a exposição constante às redes sociais e a um mercado que incentiva a adultização prematura.
A psicóloga observa que as crianças são bombardeadas por padrões estéticos irreais e produtos inadequados para sua idade, como maquiagem infantil e bonecas que já vêm maquiadas. Esse ambiente, segundo ela, acaba roubando a infância e substituindo brincadeiras essenciais para o desenvolvimento por preocupações com a aparência e a autoimagem. "Por que tenho que dar de presente de aniversário para uma criança um kit de maquiagem, sendo que existem outros brinquedos que podem desenvolver mais o cognitivo, que podem imitar o social, que podem ajudá-la a expressar as emoções", questiona.
O problema não para por aí. Ana Cecília explica que essa pressão estética e social, que começa na infância, acaba se somando às tradicionais cobranças sofridas pelas mulheres adultas. Ela destaca que a mulher moderna acumula múltiplos papéis sob uma constante pressão por perfeição. "Essa sobrecarga, muitas vezes normalizada pela sociedade, tem um custo emocional alto e contribui para o aumento de problemas de saúde mental".
O resultado desse cenário complexo pode ser observado em dados alarmantes. A psicóloga, que também atua na prevenção ao suicídio, revela que o comportamento suicida tem aparecido cada vez mais cedo, frequentemente já na pré-adolescência. Esse dado reforça a urgência de olhar com atenção para a saúde mental desde a infância.
Como caminho para enfrentar esses desafios, Ana Cecília defende a importância de uma rede de apoio solidária e da busca por ajuda profissional quando necessário. "Nós mulheres, que somos as maiores cuidadoras, também precisamos nos cuidar. Cuidar do simples: um momento consigo mesma, um momento de relaxamento".
Confira a entrevista completa no Youtube do Piauí Hoje, link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=_YMGQNDHsbU
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