
As operações OMNI e Difusão, deflagradas de forma conjunta nesta terça-feira (30) pela Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF), revelaram um esquema de fraudes em licitações, desvio de recursos e uso de empresas de fachada que pode ter causado prejuízos milionários aos cofres públicos da saúde no Piauí.
A Operação OMNI revelou que empresas de fachada eram utilizadas para beneficiar pessoas ligadas a organizações com contratos com a área da saúde, enquanto a Operação Difusão estima que R$ 66 milhões podem ter sido desviados.
Estratégia conjunta
De acordo com o delegado da Polícia Federal, Murilo Matos, as investigações começaram no ano passado e chegaram a duas frentes distintas: uma focada na Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI) e outra envolvendo a SESAPI em conjunto com a Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina. As ações foram realizadas no mesmo dia por questões logísticas e pela possibilidade de conexão entre as empresas investigadas.
“Optamos por uma deflagração conjunta justamente para evitar prejuízos à investigação. Na Operação OMNI, houve bloqueios patrimoniais que atingiram R$ 66 milhões. Já na Operação Difusão, o valor estimado de prejuízo é de cerca de R$ 900 mil, recuperado com as apreensões de hoje”, explicou Murilo Matos.
Delegado da PF, Murilo Matos, concede entrevista O delegado destacou ainda a gravidade do caso, que levou a Justiça Federal a decretar medidas incomuns em investigações de corrupção. “Conseguimos a prisão temporária de dois investigados na OMNI, além de afastamentos cautelares. Isso mostra a seriedade dos fatos apurados”.
Irregularidades no HEDA
O superintendente da CGU no Piauí, Hélio Benvindo, chamou atenção para falhas graves de transparência, especialmente no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba.
“A publicidade não vinha sendo respeitada nos contratos, o que pode indicar que os R$ 66 milhões já identificados estejam até abaixo do efetivo prejuízo. Encontramos ocultação de capital desviado e reiteração criminosa, o que justifica a contemporaneidade das prisões”, afirmou.
Fraudes na FMS
Segundo Hélio, parte do esquema envolvia empresas de fachada utilizadas como “laranjas” para beneficiar pessoas ligadas a organizações com contratos na área da saúde. “Na FMS, vimos como estruturas empresariais eram usadas para enriquecimento ilícito de pessoas físicas relacionadas a esses contratos”, disse.
Próximos passos
A PF deve agora avançar na análise de celulares e documentos apreendidos, buscando identificar outros empresários e possíveis servidores envolvidos. “Esse tipo de contratação envolve até 200 pessoas. Iniciamos pelas empresas, mas o foco agora é verificar a participação de agentes públicos”, completou o delegado Murilo Matos.
Já a CGU reforçou que sua atuação se concentra no apoio técnico-administrativo, produzindo relatórios e levantamentos que auxiliam a Polícia Federal e o MPF no processo judicial.
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