Polícia

FRAUDE NA SAÚDE

Empresas de fachada eram usadas em desvios milionários da saúde no Piauí, diz PF

Operações OMNI e Difusão foram deflagradas de forma conjunta nesta terça-feira (30) e resultou na prisão de duas pessoas

Da Redação

Terça - 30/09/2025 às 11:37



Foto: Piauí Hoje Superintendente da CGU no Piauí, Helio Benvindo
Superintendente da CGU no Piauí, Helio Benvindo

As operações OMNI e Difusão, deflagradas de forma conjunta nesta terça-feira (30) pela Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF), revelaram um esquema de fraudes em licitações, desvio de recursos e uso de empresas de fachada que pode ter causado prejuízos milionários aos cofres públicos da saúde no Piauí. 

A Operação OMNI revelou que empresas de fachada eram utilizadas para beneficiar pessoas ligadas a organizações com contratos com a área da saúde, enquanto a Operação Difusão estima que R$ 66 milhões podem ter sido desviados. 

Estratégia conjunta

De acordo com o delegado da Polícia Federal, Murilo Matos, as investigações começaram no ano passado e chegaram a duas frentes distintas: uma focada na Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI) e outra envolvendo a SESAPI em conjunto com a Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina. As ações foram realizadas no mesmo dia por questões logísticas e pela possibilidade de conexão entre as empresas investigadas.

“Optamos por uma deflagração conjunta justamente para evitar prejuízos à investigação. Na Operação OMNI, houve bloqueios patrimoniais que atingiram R$ 66 milhões. Já na Operação Difusão, o valor estimado de prejuízo é de cerca de R$ 900 mil, recuperado com as apreensões de hoje”, explicou Murilo Matos.

Delegado da PF, Murilo Matos, concede entrevista O delegado destacou ainda a gravidade do caso, que levou a Justiça Federal a decretar medidas incomuns em investigações de corrupção. “Conseguimos a prisão temporária de dois investigados na OMNI, além de afastamentos cautelares. Isso mostra a seriedade dos fatos apurados”.

Irregularidades no HEDA

O superintendente da CGU no Piauí, Hélio Benvindo, chamou atenção para falhas graves de transparência, especialmente no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba. 

A publicidade não vinha sendo respeitada nos contratos, o que pode indicar que os R$ 66 milhões já identificados estejam até abaixo do efetivo prejuízo. Encontramos ocultação de capital desviado e reiteração criminosa, o que justifica a contemporaneidade das prisões”, afirmou.

Fraudes na FMS

Segundo Hélio, parte do esquema envolvia empresas de fachada utilizadas como “laranjas” para beneficiar pessoas ligadas a organizações com contratos na área da saúde. “Na FMS, vimos como estruturas empresariais eram usadas para enriquecimento ilícito de pessoas físicas relacionadas a esses contratos”, disse.

Próximos passos

A PF deve agora avançar na análise de celulares e documentos apreendidos, buscando identificar outros empresários e possíveis servidores envolvidos. “Esse tipo de contratação envolve até 200 pessoas. Iniciamos pelas empresas, mas o foco agora é verificar a participação de agentes públicos”, completou o delegado Murilo Matos.

Já a CGU reforçou que sua atuação se concentra no apoio técnico-administrativo, produzindo relatórios e levantamentos que auxiliam a Polícia Federal e o MPF no processo judicial.

Notícias relacionadas

Saiba como funcionava o esquema de fraude envolvendo a SESAPI e o HEDA em Parnaíba

Presos acusados de desviar R$ 66 milhões da Secretaria da Saúde do Piauí

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: