
“Escrever é uma das atividades mais vitais pra mim”, diz Rogério Newton, poeta, romancista e ensaísta dos mais representativos do Piauí. “Sou de uma geração que aprendeu a escrever, escrevendo para jornal”. Rogério publicou sua primeira crônica no Jornal da Manhã, em Teresina, em 1981. Antes disso teve incursões em experiências editadas por amigos poetas. Em Revestrés, teve coluna fixa de crônicas, publicando desde a primeira edição impressa e ao longo de 10 anos. É esse conjunto bonito de crônicas que ele agora publica em forma de livro.
As crônicas foram selecionadas pelo autor e se apresentam não em ordem cronológica de publicação, mas divididas em três seções temáticas: O solitário silêncio das ruas, Morcegos azuis e Dança secreta. Todas identificam a edição da revista e a data em que foram publicadas. Além das crônicas, completa o livro uma entrevista intitulada “Fazemos literatura à procura de sentido para a vida”, concedida pelo autor a Wellington Soares, escritor, professor e um dos editores de Revestrés.
Em texto sobre o livro, o crítico literário Hildeberto Barbosa Filho, professor titular da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e membro da Academia Paraibana de Letras, lembra que é enganoso pensar que a crônica é um gênero fácil. Ele classifica a escrita de Rogério como “límpida e elegante, sempre na justa medida do poético, porque transforma, pelo uso especial da linguagem, as vivências singulares de sua memória e de suas emoções em experiências que são de todos nós”.
Rogério fala de infância, memórias, família, casa, rua, cidade, fazendo lembrar o quanto suas histórias, longe de particulares, tocam o leitor por serem universais. Ou por nos sugerirem: você lembra como foi pra você?
É assim, provocados, que nos sentimos com a bonita crônica “O que meu coração não consegue compreender”. Nela o escritor nos conta quando, ainda garoto, ouviu o nome “Torquato Neto” pela primeira vez. Encerra esse texto contando que, anos depois, já Defensor Público, ofereceu carona a Heli Nunes, pai de Torquato, pra não perder a oportunidade de pedir que falasse sobre o filho.
Pra saber o final dessa história e muitas outras, procure o livro de crônicas de Rogério Newton.
Vale salientar que o crítico Hildeberto Filho ainda ressalta que a perspectiva de Rogério “é sempre empática para com o outro que o motiva e o afeta. Seja uma praça, uma calçada, um bar, um riacho; seja um bicho, um objeto, uma criatura humana; seja um acontecimento, uma recordação, uma ideia, uma palavra”.
Se a crônica corre o risco de esvair-se rapidamente no tempo de sua leitura ou numa publicação jornalística, a busca do cronista é encontrar, neste livro, um merecido lugar mais duradouro para seus escritos.
Livro: “Evangelho dos mortos do cemitério da praia de Barra Grande” – Rogério Newton. Teresina: Edições Pulsar, 2025.
- Projeto Gráfico: Alcides Jr/ Área de Criação
- Lançamento: 26 de agosto de 2025, nesta terça, 19h
- Local: Maria Café, em Teresina. Rua Eletricista Guilherme, 501, Fátima.