Economia

HIDROGÊNIO VERDE

"Piauí pode se tornar um dos principais produtores de hidrogênio verde do país", diz ABIHV

O Piauí Hoje.Com ouviu a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado

Da Redação

Segunda - 13/05/2024 às 11:01



Foto: Divulgação Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV)
Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV)

O governador Rafael Fonteles tem mostrado grande interesse em transformar o Piauí no maior produtor do Hidrogênio Verde do Brasil e do mundo. Em agenda em Rotterdam, na Holanda, o gestor está apresentando as potencialidades do estado para empreendedores e empresários do mundo todo. O Piauí Hoje.Com ouviu a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado, que afirmou que o Piauí tem um enorme potencial para se tornar um grande polo de produção de Hidrogênio Verde no Brasil.

"O Piauí possui os recursos naturais, com ventos e luz solar altamente favoráveis, indústria de energia renovável já consolidada, o apoio do governo, que tem demonstrado grande interesse no desenvolvimento da produção de hidrogênio verde no estado e declarado a intenção de estabelecer um hub produtivo, além de aprovar leis que concedem incentivos fiscais para empresas", afirma Fernanda Delgado.

Segundo a diretora executiva da ABIHV, ainda há alguns desafios para que precisam ser superados para o sucesso do empreendimento, como a criação de um ambiente regulatório favorável, a redução do custo de produção (que na realidade envolve toda a cadeia produtiva, não se restringindo ao Piauí), e os investimentos em infraestrutura específica para o transporte e armazenamento do vetor energético.

"Analisamos que se esses esforços continuarem e os investimentos forem bem-sucedidos, o estado poderá se tornar um dos principais produtores de hidrogênio verde do país, contribuindo significativamente para a redução das emissões de carbono e para o desenvolvimento econômico regional", destaca.

Segundo Fernanda Delgado, a ABIHV acompanha o planejamento e o andamento de todos os projetos dos seus associados, inclusive os do Piauí. Os projetos e programas de hidrogênio verde no Piauí ainda estão em fase inicial de planejamento e desenvolvimento e, como tal, podem sofrer alterações à medida em que os arcabouços legais forem se consolidando, os acordos forem assinados e os investimentos começarem a ser realizados. 

Dessa forma, qualquer cronograma que se estabeleça nesse momento é uma mera projeção. No entanto, a estimativa divulgada até o momento é que no Consórcio Green Energy Park (Holanda) e Solatio (França), as obras devem iniciar neste ano e a produção, até 2027. Há também o projeto da COMERC com a Casa dos Ventos, que ainda que em fase de concepção, tem o potencial de gerar muitos empregos e investimentos para o estado.

Ainda não existe a produção em escala industrial do Hidrogênio Verde no Brasil. Atualmente, o desafio maior é o da regulamentação do setor. No final de 2023, foi aprovada no Parlamento brasileiro a primeira versão do Projeto de Lei que regulamenta a cadeia produtiva do Hidrogênio Verde (PL 2308/2023), que está em tramitação no Senado Federal.

"Este é um passo importante na construção de um marco regulatório para o desenvolvimento do Hidrogênio no país, que dará segurança regulatória e jurídica para a atração de investimentos. O que abre caminho para se estabelecer o Hidrogênio como vetor energético, e colocar o Brasil no processo para estabelecer uma economia de baixo carbono e a industrialização verde. Essa construção de um arcabouço legal viabiliza a competitividade do Hidrogênio Verde no país, sendo o primeiro passo para ser líder da descarbonização, para trazer projetos para o Brasil, projetos sólidos, sustentáveis, de ordem nacional e internacional", finaliza.

Conheça o Hidrogênio Verde

O hidrogênio verde é um vetor energético, produzido através de um processo de eletrólise da água, utilizando a eletricidade vinda de fontes renováveis, como a solar ou a eólica. Durante a eletrólise, a água (H2O) é dividida em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2). Nesse processo, o hidrogênio resultante é considerado "verde" quando a eletricidade utilizada é gerada de maneira sustentável, sem a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa - nesse ponto, ele se conecta às fontes de energia solar e eólica.

O hidrogênio verde se destaca por seu potencial como alternativa energética sustentável por diversas razões. Primeiramente, pelas baixas emissões de carbono envolvidas no seu processo de produção, evitando a queima de combustíveis fósseis - um dos fatores mais nocivos para o equilíbrio do meio ambiente. Além disso, o armazenamento de energia é um fator vantajoso, uma vez que o hidrogênio verde pode ser usado para armazenar energia produzida por fontes variáveis, como a solar e a eólica.

Quando há um excesso de energia disponível, ela pode ser usada para produzir hidrogênio, que posteriormente pode ser armazenado e utilizado quando a demanda for maior. Outro aspecto é poder abastecer setores que são mais complexos de se eletrificar, como os setores hard to abate e o transporte pesado, oferecendo uma alternativa de combustível limpo.

Por fim, a cadeia produtiva do hidrogênio verde se caracteriza por uma produção descentralizada, permitindo que as instalações sejam localizadas próximas às fontes de energia renovável e reduzindo as perdas de transmissão. Ou seja, todas essas características o interligam profundamente com a transição energética em curso - no Brasil e no mundo.

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