Economia

CORRIDA CONTRA O PREJUÍZO

Produtores do Piauí conseguem embarcar 95 toneladas de mel às vésperas de tarifa de 50%

Medo da taxação e estiagem agravam crise no setor apícola; exportadores dividem custos e enfrentam cenário de incertezas

Da Redação

Segunda - 14/07/2025 às 16:39



Foto: Reprodução Tv Clube Carga de mel piauiense que estava parada no Porto do Pecém (CE)
Carga de mel piauiense que estava parada no Porto do Pecém (CE)

Em meio a tensões comerciais e risco de prejuízo, produtores de mel do Piauí conseguiram liberar o embarque de 95 toneladas de mel orgânico para os Estados Unidos, na noite do último domingo (13). A carga, da Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) — cooperativa com sede em Picos — havia sido suspensa por exigência dos compradores norte-americanos, que temiam a aplicação de uma tarifa de 50% sobre o produto brasileiro a partir de 1º de agosto.

Os contêineres estavam no Porto do Pecém, no Ceará, aguardando liberação desde sexta-feira (11). O receio era de que o mel não chegasse ao destino a tempo de escapar da nova tributação, que ameaça inviabilizar economicamente boa parte das exportações. “Fomos surpreendidos com a suspensão, mas conseguimos reverter após um apelo direto aos clientes, com quem mantemos uma parceria de mais de 15 anos”, contou Sitônio Dantas, presidente da Casa Apis.

Segundo ele, a carga será dividida entre diferentes navios e rotas, o que significa que alguns lotes ainda podem chegar aos EUA após o início da nova tarifa. Mesmo assim, os importadores aceitaram correr o risco.

Outras cargas seguem paradas

Se por um lado a Casa Apis conseguiu seguir com o embarque, o Grupo Sama — responsável por uma carga de mais de 500 toneladas — ainda não teve o mesmo desfecho. Parte da remessa está pronta para envio nos portos de Pecém e Mucuripe (CE), mas segue travada. O restante ainda passa por beneficiamento ou está em trânsito pelos fornecedores. “O problema é o prazo. Os clientes exigem que a mercadoria chegue antes de 1º de agosto. Estamos tentando cumprir isso, mas é uma corrida contra o tempo”, afirma o CEO do grupo, Samuel Araújo.

Contratos ativos, mas futuro incerto

Apesar dos entraves, os contratos de exportação permanecem firmados até dezembro. A expectativa da Casa Apis é enviar cerca de mil toneladas adicionais de mel até o fim do ano — além das mil já embarcadas entre janeiro e junho.

“O que foi suspenso foi o embarque, não os negócios. Estamos cumprindo nossa parte, mas se a tarifa de 50% for mantida, será inviável para quase todos os produtores. A saída poderá ser dividir o custo entre exportadores e importadores”, explica Sitônio.

Estiagem agrava crise no setor

Além da instabilidade comercial, os produtores de mel do Piauí enfrentam outro desafio: a seca. A estiagem prolongada já compromete a próxima safra, com previsão de queda de 40% na produção em 2025.

“Estamos sob pressão por todos os lados. A seca e a tarifa nos colocam em uma situação de alto risco. Seguimos firmes, mas pedimos a Deus que isso se resolva da melhor forma”, disse Sitônio.

Em 2024, o Piauí liderou as exportações brasileiras de mel para os Estados Unidos — principal comprador, responsável por 80% da produção nacional adquirida no exterior.

Fonte: g1

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