Proa & Prosa

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Escolhas no campus

E como estão as preliminares eleitorais? E a pauta? Bastante conversa de bastidor e negociações sobre distribuição de cargos remunerados na burocracia universitária.

Por Fonseca Neto

Segunda - 15/04/2024 às 17:07



Foto: Arquivo/UFPI Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Universidade Federal do Piauí (UFPI)

E em 2024 – parece ironia ou contradição –, o quadro se apresenta piorado. Por quê? Quando no poder federal há governos comprometidos com a Educação, em particular com as universidades, dentro da Ufpi, a economia das trocas oligárquicas se robustece com as mais abundantes verbas, programas etc.

Democracia e as jornadas por liberdade e justiça? O ensino público com qualidade e que realmente interessa à universidade inclusiva? De contrapeso, o fascismo queima as barbas dos lutadores sociais; a "neutralidade" dos indiferentes parece mover ao despenhadeiro a universidade visível – a distante, distante se conserva.

A Ufpi segue deserta de seus três corpos e que mais parecem desamar as sinergias do campus: salas de aula vazias, corredores da convivência, apressados; as nervuras das irredenções esfriam em despiste.

De quatro em quatro anos a Universidade Federal do Piauí até que ensaia a escolha democrática de seus altos dirigentes. E mais uma vez se fará a chamada "consulta" com vistas ao futuro.

E como estão as preliminares eleitorais? E a pauta? Bastante conversa de bastidor e negociações sobre distribuição de cargos remunerados na burocracia universitária.

Não é aberração absoluta se tratar de negociações sobre cargos em processos dessa espécie. Mas desvio de conduta democrática grave se reduzir as eventuais disputas e escolhas tornando tais barganhas o móvel central delas.

Na Ufpi, depois que "eleições" se tornaram rotineiras, nunca um reitor encabeçou listas de nomeação que não fosse "eleito" pela máquina de poder, concentrado e literalmente avassalador, da própria Reitoria. Tão antidemocraticamente operante é a máquina, que, sendo caudatário do grupo reitoral, o atual, ficando em segundo lugar na lista, ao fim e ao cabo, alcançou a bolsonomeação.

Livre escolha de reitor/a? Miragem. Até porque isso requer alterações de regras que inibam a voracidade da máquina de favorecimento que os reitores "eleitos" e seus blocos governativos, em todo tempo, não querem nem ouvir falar em promover.

Mobilização ampla de agentes acadêmicos/sociais, como acendedor de esperança de mudanças reais pela base e determinante para o encaminhamento eleitoral e saudável nomeação? A maioria parece ter isso como coisa ultrapassada.

Lições? Tem um dizer que nos relembra que "a universidade é o lugar em que as gerações passam a limpo o mundo". É uma citação que leva a pensar a "universidade necessária" do compromisso de Anísio e Darcy, p. exemplo.

A tragédia neoliberal renitente não pretende levar a Universidade pública ao pregão da Bolsa; não. O método é mais sutil, em algum sentido, indolor, mas cruel. Ela precisa ser despojada de seu – mais que simbolismo – compromisso com o conhecimento cheio de potência que liberta.

- "Vamos desertar do campus?" Sussurra esse espírito neo das misérias. Afinal, tem tanta maquininha para se brincar de aula e de outros fazeres acadêmicos... E quantos pensavam já sumira o pacto do faz de conta.

Neste ano tem eleição para a reitoria e diretorias. Tem. Tem? E quem elege quem? O Consun? E não deveria ser a comunidade? Deixa p depois. "Sejamos pragmáticos".

Fonseca Neto

Fonseca Neto

FONSECA NETO, professor, articulista, advogado. Maranhense por natural e piauiense por querer de legítima lei. Formação acadêmica em História, Direito e Ciências Sociais. Doutorado em Políticas Públicas. Da Academia Piauiense de Letras, na Cadeira 1. Das Academias de Passagem Franca e Pastos Bons. Do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.
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