Direita são os que se engajam nas tarefas de impedir transformações sociais-históricas que levem à Justiça e à Paz. Ela tem, por sua, a tarefa de solapar a igualdade entre as pessoas, assim apagando a chama luminosa da beleza do viver ético. Não é por outra motivação que a direita se move sob a égide da violência.
Mundo afora? No Brasil? É assim a direita em todo lugar? Trata-se de uma noção que aproveita usar quanto aos mais diversos contextos e circunstâncias que a realidade põe em curso. Numa exemplificação, no contexto, tome-se o enfrentamento Hamas-Estado de Israel. Ou pode-se tomar o uso da mentira pura como método de faturar ideológica e partidariamente em cima da desgraça da hecatombe climática no Rio Grande do Sul. De igual modo e sentido, o belicismo hiroshimês do Império agressor do norte e a guerra de neo-nazi-fascis que renasce na Europa com rebates iníquos em toda plaga terrena e extra Terra.
Mas puxemos o foco para a ação da direita no Brasil, pelos séculos, reagindo com todas as armas da brutalidade, contra mudanças sociais que signifiquem: a) Liberdade e justiça em benefício da maioria de sua população; b) descolonização e independência em face de outros povos organizados em nações e estados.
A direita no Brasil, em qualquer tempo – ainda que tais noções não formuladas com esse palavreado –, levanta-se contra o fim da escravidão de nativos indígenas, de afros e de seus descendentes em lavouras, minhas, fábricas e cozinhas de todos os tempos. Direita visceral e violentamente sanguínea no trato com os desafortunados na ordem social.
Causa espécie as dimensões do ódio que move a direita na cena brasileira. Os convictos dessa posição ideológica e político-partidária detestam – não querem nem ver – os pobres e o que os identifica. A direita jamais aceitou a declaração formal da liberdade de 13 de maio de 1888. Ao contrário, fez do que seria o limão azedo da perda econômica, a limonada amarga da opressão, moral e física, do despojamento total de direitos na vida social comum, o principal deles, a sonegação indigna do prato de comida de sua primeira noite de “liberdade”. E dos dias todos do mais de século que veio.
Em pouco mais de cinco séculos da construção da sociedade brasileira, pela arma de fogo, e pelo fogo da cobiça e pilhagem, nada ou quase nada, se pode apontar que signifique algo não traduzível em violência em estado real e brutalidade em viço. Dor e vida roubada. E essa é a história de uma gente em forja que é a população brasileira de hoje, excluída E que o conservadorismo se esbalda para manter como o faz desde o primeiro século da agressão mercantil-colonizadora.
Direita mata. É íntima, aconchegada da morte. Tomemos estes últimos oito anos da cena social e política brasileira – basicamente desde 2013 – em que a direita reaprendeu o caminho das ruas para impor sua propensão de violência. Violência que inflamou e infamou à época do mando da inominável excrescência política emulada da morobolsalidade.
Não há dúvida que o Brasil violento parido nesse tempo infame do direitismo extremado, é esse que colocou milhares e até milhões de armas de fogo nas mãos da parcela bandida da população, sugerindo que tome o Poder.
A direita quer sangue. Inimiga de todas as formas da convivência política que levem à paz. Abomina o imperativo das relações sociais que suplante o estado de miséria a que foram levados milhões de brasileiros que as colonizações e afins despojaram dos meios de viver.
Na versão extremada que domina, por exemplo, parcela substantiva dos cristãos brasílicos, dos membros das forças armadas, das câmaras do parlamento federal e do aparelho judiciário, a direita milita para o regresso, pelo golpe, a formas de ditadura muito conhecidas no Brasil. Desconjuremos.