Olhe Direito!

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Guilherme Melo, pessoa essencialmente boa

Guardo dele, assim, a imagem da pessoa, não do político, embora tenho sido na condição de governador que estabeleci com Guilherme Melo uma ligação que não se pode esquecer facilmente

Alvaro Mota

Sexta - 23/04/2021 às 12:11



Foto: Divulgação Guilherme Melo
Guilherme Melo

Guilherme Cavalcante Melo nasceu quando Teresina fazia 100 anos de idade. O pai dele, João Mendes Olímpio de Melo, era o prefeito da cidade quando Guilherme veio ao mundo, numa família de longa tradição política, já que o avô dele, Mathias Olímpio de Melo, foi governador do Piauí e também representou o estado no Senado Federal. Porém, mais importante que lembrar a longa tradição política dele, é mais interessante destacar Guilherme Melo como pessoa essencialmente boa.

Guardo dele, assim, a imagem da pessoa, não do político, embora tenho sido na condição de governador que estabeleci com Guilherme Melo uma ligação que não se pode esquecer facilmente: foi ele quem, após muito esforço nosso, assinou o ato de minha nomeação e da nomeação de outros colegas para a Procuradoria-Geral do Estado. Fez-nos advogados públicos que seguem até hoje na defesa dos interesses do Piauí.

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Esse ato ocorreu em 1994, mais de um quarto de século atrás, no que foi o encerramento da carreira política pública de Guilherme Melo, que foi deputado estadual, deputado federal e vice-governador do Piauí. Tudo isso sem deixar de ser, como já colocado, pessoa essencialmente boa, pacificadora, o sujeito boa-praça que fazia e conversava as amizades, porque separava bem questões políticas da vida pessoal, coisa difícil de fazer, algo que exige talento natural, mas incomum.

Essa condição de pacificador e condutor de amizade por longo tempo fez de Guilherme Melo uma pessoa difícil de ser criticada – embora, claro, tivesse defeitos, como todos têm. A questão, no entanto, é que quando há grandes qualidades em uma pessoa, os defeitos são sombreados. Era isso o que se dava com Guilherme Melo, que atuou, aliás, com grande competência em uma seara privada pouco conhecida, mas importante: a preservação do gado curraleiro pé-duro, presidindo a entidade que reúne criadores desta raça bovina.

O trabalho dele nessa área é reconhecido por seus pares como de fundamental importância para manter um patrimônio genético que poderá e deverá ser importante no futuro para a pecuária brasileira. Em um país em que a riqueza produzida pela agropecuária é cada vez mais importante, é preciso reconhecer, com efeito, a importância do trabalho de Guilherme Melo para preservar o gado pé-duro.

A morte dele, resultante de um câncer agressivo, evidentemente que deixa uma lacuna difícil de ser preenchida. Mas qualidades e trabalhos são pontos que não se pedem após a morte, assim, não há tanto vazio assim se nos lembrarmos da essencialidade de Guilherme Melo, homem bom, pacífico, cultivador de amizades e de sorrisos.]

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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