
A Polícia Federal decidiu não indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que apura o funcionamento de uma estrutura de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), conhecida como “Abin paralela”. A informação, inicialmente divulgada de forma equivocada pela CNN Brasil. O portal Piauí Hoje corrigiu a informação publicada erroneamente nessa terça-feira (18), reafirmando que Bolsonaro não foi formalmente indiciado no caso da Abin paralela, após acesso à lista oficial de indiciados.
A investigação, no entanto, não isenta Bolsonaro. Segundo a própria Polícia Federal, há “indícios de autoria e materialidade” que implicam diretamente o ex-mandatário. Apesar disso, os investigadores optaram por não formalizar o indiciamento, com o argumento de que ele já responde em outro inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, e que um novo indiciamento pelos mesmos crimes seria considerado redundante.
Na lista de 36 nomes indiciados constam o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a Abin durante o governo Bolsonaro. Os dois são investigados por envolvimento no uso irregular de ferramentas da agência para monitoramento indevido de autoridades e civis, sem autorização judicial.
O caso
A atuação da chamada “Abin paralela” é alvo de um inquérito amplo que vem sendo conduzido pela PF com apoio do Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação mira o uso de tecnologias e métodos de vigilância da agência para fins políticos e pessoais, sem respaldo legal.
Ramagem, que atualmente exerce mandato na Câmara dos Deputados, é apontado como peça central no esquema. Segundo as investigações, ele teria autorizado ou permitido o uso indevido de softwares de geolocalização e escutas contra opositores e desafetos políticos.
Carlos Bolsonaro também é suspeito de participar da articulação e do direcionamento dos trabalhos da estrutura paralela, com base em relatórios de inteligência produzidos de forma ilegal. Ambos negam as acusações e alegam perseguição política.
Embora Jair Bolsonaro não tenha sido formalmente acusado nesse inquérito específico, o entendimento da PF é de que os elementos que o vinculam ao caso estão sendo tratados no processo mais amplo que investiga a tentativa de golpe de Estado e a organização de uma rede de ataques ao sistema eleitoral e às instituições democráticas.
O inquérito sobre a Abin paralela continua em curso e novas fases não estão descartadas. Ainda não há previsão para o encerramento formal das apurações.
Confira a lista de nomes indiciados no caso da Abin paralelo:
- Carlos Nantes Bolsonaro – vereador (PL‑RJ)
- Luciana de Almeida – assessora da Abin
- Alexandre Ramagem Rodrigues – deputado federal/ex-diretor‑geral da Abin
- Felipe Arlotta Freitas – agente da PF cedido à Abin
- Henrique César Prado Zordan – agente da PF cedido à Abin
- Alexandre Ramalho Dias Ferreira – agente da PF
- Luiz Felipe Barros Felix – agente da PF
- Carlos Magno de Deus Rodrigues – agente da PF
- Marcelo Araújo Bormevet – agente da PF
- Giancarlo Gomes Rodrigues – militar (Exército)/ex-servidor da Abin
- Frank Marcio de Oliveira – ex-diretor-geral adjunto da Abin
- Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho – delegado da PF/ex-diretor da Abin
- Paulo Maurício Fortunato Pinto – ex‑secretário de Planejamento da Abin
- Erinton Lincoln Torres Pompeu – oficial de inteligência da Abin
- Paulo Magno de Melo Rodrigues Alves – diretor da Abin
- Marcelo Furtado – ex-diretor da Abin
- Luiz Gustavo da Silva Mota – servidor da Abin
- Alexandre de Oliveira Pasiani – ex-diretor da Abin
- José Matheus Salles Gomes – ex-assessor especial da Presidência
- Mateus de Carvalho Sposito – ex-assessor da Secom
- Richards Dyer Pozzer – empresário/influencer
- Daniel Ribeiro Lemos – assessor da Abin
- Rogério Beraldo de Almeida – empresário
- Alan Oleskoviz – ex-superintendente da Abin (Acre)
- Ricardo Wright Minussi – advogado
- Rodrigo Augusto de Carvalho Costa – delegado da PF
- Lúcio de Andrade Vaz Parente – servidor público
- Alexandre do Nascimento Cantalice – ex-superintendente da Abin (Amazonas)
- Victor Felismono Carneiro – oficial de inteligência da Abin
- Bruno de Aguiar Faria – servidor da Abin
- Eduardo Arthur Izycki – oficial de inteligência da Abin
- Rodrigo Colli – servidor da Abin
- Luiz Fernando Corrêa – diretor‑geral atual da Abin
- Alessandro Moretti – diretor‑adjunto da Abin
- Luiz Carlos Nóbrega Nelson – chefe de gabinete da Abin
- José Fernando Moraes Chuy – corregedor-geral da Abin
Fonte: Brasil 247