Política

INVESTIGAÇÃO

Abin Paralela: PF vê responsabilidade criminal de Bolsonaro, mas não indicia ex-presidente

Ex-presidente tem indícios apontados, mas ficou fora da lista de 36 nomes formalmente acusados

Da Redação com informações do Brasil 247

Quarta - 18/06/2025 às 11:26



Foto: Montagem Carta capital Carlos Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem
Carlos Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem

A Polícia Federal decidiu indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que apura o funcionamento de uma estrutura de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), conhecida como “Abin paralela”. A informação, inicialmente divulgada de forma equivocada pela CNN Brasil. O portal Piauí Hoje corrigiu a informação publicada erroneamente nessa terça-feira (18), reafirmando que Bolsonaro não foi formalmente indiciado no caso da Abin paralela, após acesso à lista oficial de indiciados.

A investigação, no entanto, não isenta Bolsonaro. Segundo a própria Polícia Federal, há “indícios de autoria e materialidade” que implicam diretamente o ex-mandatário. Apesar disso, os investigadores optaram por não formalizar o indiciamento, com o argumento de que ele já responde em outro inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, e que um novo indiciamento pelos mesmos crimes seria considerado redundante.

Na lista de 36 nomes indiciados constam o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a Abin durante o governo Bolsonaro. Os dois são investigados por envolvimento no uso irregular de ferramentas da agência para monitoramento indevido de autoridades e civis, sem autorização judicial.

O caso

A atuação da chamada “Abin paralela” é alvo de um inquérito amplo que vem sendo conduzido pela PF com apoio do Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação mira o uso de tecnologias e métodos de vigilância da agência para fins políticos e pessoais, sem respaldo legal.

Ramagem, que atualmente exerce mandato na Câmara dos Deputados, é apontado como peça central no esquema. Segundo as investigações, ele teria autorizado ou permitido o uso indevido de softwares de geolocalização e escutas contra opositores e desafetos políticos.

Carlos Bolsonaro também é suspeito de participar da articulação e do direcionamento dos trabalhos da estrutura paralela, com base em relatórios de inteligência produzidos de forma ilegal. Ambos negam as acusações e alegam perseguição política.

Embora Jair Bolsonaro não tenha sido formalmente acusado nesse inquérito específico, o entendimento da PF é de que os elementos que o vinculam ao caso estão sendo tratados no processo mais amplo que investiga a tentativa de golpe de Estado e a organização de uma rede de ataques ao sistema eleitoral e às instituições democráticas.

O inquérito sobre a Abin paralela continua em curso e novas fases não estão descartadas. Ainda não há previsão para o encerramento formal das apurações.

Confira a lista de nomes indiciados no caso da Abin paralelo:

  • Carlos Nantes Bolsonaro – vereador (PL‑RJ)
  • Luciana de Almeida – assessora da Abin
  • Alexandre Ramagem Rodrigues – deputado federal/ex-diretor‑geral da Abin
  • Felipe Arlotta Freitas – agente da PF cedido à Abin
  • Henrique César Prado Zordan – agente da PF cedido à Abin
  • Alexandre Ramalho Dias Ferreira – agente da PF
  • Luiz Felipe Barros Felix – agente da PF
  • Carlos Magno de Deus Rodrigues – agente da PF
  • Marcelo Araújo Bormevet – agente da PF
  • Giancarlo Gomes Rodrigues – militar (Exército)/ex-servidor da Abin
  • Frank Marcio de Oliveira – ex-diretor-geral adjunto da Abin
  • Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho – delegado da PF/ex-diretor da Abin
  • Paulo Maurício Fortunato Pinto – ex‑secretário de Planejamento da Abin
  • Erinton Lincoln Torres Pompeu – oficial de inteligência da Abin
  • Paulo Magno de Melo Rodrigues Alves – diretor da Abin
  • Marcelo Furtado – ex-diretor da Abin
  • Luiz Gustavo da Silva Mota – servidor da Abin
  • Alexandre de Oliveira Pasiani – ex-diretor da Abin
  • José Matheus Salles Gomes – ex-assessor especial da Presidência
  • Mateus de Carvalho Sposito – ex-assessor da Secom
  • Richards Dyer Pozzer – empresário/influencer
  • Daniel Ribeiro Lemos – assessor da Abin
  • Rogério Beraldo de Almeida – empresário
  • Alan Oleskoviz – ex-superintendente da Abin (Acre)
  • Ricardo Wright Minussi – advogado
  • Rodrigo Augusto de Carvalho Costa – delegado da PF
  • Lúcio de Andrade Vaz Parente – servidor público
  • Alexandre do Nascimento Cantalice – ex-superintendente da Abin (Amazonas)
  • Victor Felismono Carneiro – oficial de inteligência da Abin
  • Bruno de Aguiar Faria – servidor da Abin
  • Eduardo Arthur Izycki – oficial de inteligência da Abin
  • Rodrigo Colli – servidor da Abin
  • Luiz Fernando Corrêa – diretor‑geral atual da Abin
  • Alessandro Moretti – diretor‑adjunto da Abin
  • Luiz Carlos Nóbrega Nelson – chefe de gabinete da Abin
  • José Fernando Moraes Chuy – corregedor-geral da Abin

Fonte: Brasil 247

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