Em entrevista ao jornal O Globo, o recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), expressou preocupações sobre a abordagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao discurso político e à gestão econômica. Motta afirmou que Lula "não pode ficar refém de ideologias" e que é essencial adotar uma postura mais pragmática na administração federal. Ele comparou a postura de Lula à do ex-presidente Jair Bolsonaro, sugerindo que ambos se dirigem apenas a seus respectivos grupos de apoio, o que pode levar a erros de gestão.
O parlamentar também abordou o impasse sobre as emendas parlamentares suspensas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Motta propôs que as regras de transparência previstas para 2025 sejam antecipadas para as emendas indicadas e empenhadas em 2024, visando destravar os recursos e garantir a governabilidade. Ele enfatizou que "os deputados precisam das emendas para justificar apoio a pautas difíceis".
Sobre a relação entre os Poderes, Motta criticou o que considera "exageros" do STF nos últimos anos e afirmou que propostas na Câmara que buscam limitar o poder da Corte são reações a essas intervenções. Ele ressaltou que "o Congresso jamais se ajoelhará ao Supremo" e defendeu a autonomia do Legislativo.
Na esfera econômica, o presidente da Câmara avaliou que o governo tem "vacilado" em decisões cruciais, especialmente no controle de gastos públicos. Ele alertou para a necessidade de responsabilidade fiscal, destacando que o problema não está apenas na arrecadação, mas também na gestão dos gastos. Motta demonstrou ceticismo em relação à proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil sem um planejamento que compense a perda de receita, questionando as possíveis consequências para a estabilidade fiscal.
Além disso, Motta elogiou a agenda econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas observou que ele "fica vencido na decisão política tomada pelos ministros do Palácio e, claro, pelo presidente". Ele defendeu que o governo priorize resultados concretos em vez de discursos ideológicos, buscando uma gestão mais eficiente e alinhada às necessidades do país.
Essas declarações de Hugo Motta refletem os desafios e prioridades do novo comando da Câmara dos Deputados, que busca equilibrar a relação entre os Poderes e promover uma gestão pública mais transparente e responsável.
Fonte: Brasil 247