
Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificaram suas críticas a aliados políticos nos últimos dias, após sinais públicos do centrão em favor da candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à presidência da República. Parlamentares e dirigentes de centro e direita avaliam que a postura da família Bolsonaro visa preservar o capital político herdado do ex-presidente e manter a relevância eleitoral, já que os filhos também disputarão cargos em 2026.
Entenda o caso
Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram os mais duros nas críticas. Carlos afirmou que há uma “completa falta de humanidade diante do que está ocorrendo com quem os possibilitou alçar voos”, em referência ao pai, que pode ser condenado a mais de 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da trama golpista. Já Eduardo criticou as articulações para substituir Jair Bolsonaro como candidato, dizendo que não se submeterá a chantagens. Ele também se queixou de não ter sido incluído em pesquisa recente que testou os nomes de Tarcísio, Michelle Bolsonaro e o próprio ex-presidente.
Jair Renan Bolsonaro, vereador em Balneário Camboriú (PL-SC), classificou o irmão como a “opção natural da direita” e questionou: “Por que será que o sistema tenta escondê-lo?”. Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por sua vez, mantém postura mais discreta, evitando ataques diretos a Tarcísio e a possíveis sucessores, preservando pontes políticas. Em Brasília, Flávio é visto como o principal porta-voz do pai e o filho mais próximo dele no dia a dia.
Nos bastidores, dirigentes do PL e do PP observam com atenção os gestos em direção a Tarcísio. A avaliação é que a oficialização de sua pré-candidatura deve ocorrer após o provável desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF, entre novembro e dezembro, em tempo de estruturar campanhas nacionais e regionais.
Tarcísio nas eleições de 2026
Embora negue publicamente qualquer intenção de disputar a presidência, Tarcísio tem adotado discursos interpretados como de pré-candidato, reforçando vínculos com o mercado financeiro e o agronegócio, ao mesmo tempo em que mantém a lealdade ao ex-presidente. Na celebração dos 20 anos do Republicanos, o governador foi uma das principais figuras da festa. No mesmo dia, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, disse ter tratado diretamente com Tarcísio sobre um eventual ingresso dele no partido caso decida disputar o Planalto.
Além do PL, figuras como Ciro Nogueira (PP-PI) e Antonio Rueda (União Brasil) surgem como entusiastas da candidatura de Tarcísio. Um jantar entre governadores de oposição, realizado no dia da aprovação da federação União Brasil-PP, foi interpretado como uma espécie de pré-lançamento político para 2026. Mesmo sem anúncio oficial, a movimentação de bastidores indica que o governador de São Paulo se consolidou como peça-chave nas articulações da direita e centro-direita para as próximas eleições.
A disputa pela sucessão presidencial em 2026 promete ser acirrada, com a família Bolsonaro buscando manter sua influência política e Tarcísio ganhando apoio significativo no campo bolsonarista.
Fonte: Brasil 247