
O segundo dia do julgamento da trama golpista, no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (3), foi dedicado às defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e de três generais acusados de participação na trama golpista: Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, Augusto Heleno, ex-ministro do GSI e Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
Nenhum dos réus esteve presente na audiência, que durou quase quatro horas. O julgamento será retomado apenas na próxima terça-feira (9), com o voto do ministro relator, Alexandre de Moraes.
Os advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno defenderam a inocência de Bolsonaro, alegando que não há "uma única prova" que o ligue aos atos de 8 de janeiro ou ao plano de assassinar autoridades. A defesa questionou a validade da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, afirmando que ele mentiu e mudou suas versões, tornando seu depoimento "não confiável".
Vilardi argumentou que Bolsonaro "foi dragado para esses fatos" e que as medidas discutidas no suposto plano golpista estavam dentro da Constituição. Ele também criticou a falta de acesso a todas as provas do processo, que somam mais de 70 terabytes, e pediu a absolvição de seu cliente, classificando uma possível pena de 30 anos como "não razoável".
Defesa dos generais
Os advogados dos três generais também se manifestaram:
Augusto Heleno (ex-ministro do GSI): o advogado Matheus Mayer Milanez criticou a conduta de Alexandre de Moraes, questionando o papel do juiz. Ele negou a politização do GSI e afirmou que o general não pressionou militares por um golpe. A defesa ainda tentou desqualificar o uso da agenda de Heleno como prova, citando o depoimento de um ex-assessor que afirma que o general foi perdendo espaço no círculo de Bolsonaro.
Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil): o advogado José Luís Oliveira Lima também contestou a delação de Mauro Cid, dizendo que ela "não fica em pé de jeito nenhum" e que o ex-ajudante de ordens "mente descaradamente". Ele reforçou a inocência de Braga Netto e reclamou do pouco tempo para analisar os documentos do processo.
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa): o advogado Andrew Fernandes argumentou que seu cliente tentou demover Bolsonaro de ações golpistas. Ele citou ataques virtuais sofridos pelo general e sua ausência na reunião do "gabinete de crise" como provas de sua inocência. A defesa afirmou que Nogueira “não fazia parte dessa organização criminosa”.
Fonte: g1/uol