
O início dessa semana é marcado pela aguardada conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, dos Estados Unidos. Com atenções voltadas ao breve encontro, o gesto que marca um importante passo de reaproximação diplomática após atritos entre líderes políticos dos países.
Na semana passada, foi dado o aval pelos dois presidentes, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Após meses de sanções impostas por Trump a produtos e cidadãos do Brasil, acontecerá a iniciativa. Conforme anunciou Trump em seu discurso, as expectativas ao Palácio do Planalto são de que a primeira conversa ocorra por telefone ou videoconferência ainda nesta semana.
Sem descartar a possibilidade de se reunirem presencialmente, a participação na conferência da FAO, em Roma, em 13 de outubro, e a cúpula da ASEAN, na Malásia, no dia 25 do mesmo mês, estão sendo estudadas como possibilidade. Aliados e interlocutores de Lula avaliam a reaproximação como uma derrota a Eduardo Bolsonaro, que desde março deste ano faz lobby em Washington por sanções contra autoridades brasileiras, em especial o ministro do STF, Alexandre de Moraes, responsável pela condenação de Jair Bolsonaro.
Pressões internas e jogada de interesses
A postura mais dura adotada pelo senador Marco Rúbio, membro do Departamento de Estado, que defendia medidas como o cancelamento de vistos e críticas a autoridades brasileiras, além de ataques nas redes sociais, é contraditória à decisão de Trump. Viviane, a esposa do ministro Alexandre de Moraes, também foi alvo de sanções da Magnitsky, na semana anterior ao breve encontro de Lula e Trump na ONU. A Lei Magnitsky pune estrangeiros por corrupção ou violações de direitos humanos.
Para o presidente Lula, o diálogo é uma oportunidade de reafirmar que o seu governo não mantém uma posição antiamericana e que o Judiciário agiu independentemente no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por outro lado, a Casa Branca tem demandas específicas em jogo: o aumento do acesso a minerais estratégicos no Brasil, a discussão sobre a regulação de plataformas digitais que afetam as big techs americanas e tratar de preocupações relacionadas ao PIX, que, segundo as autoridades, estaria impactando negativamente as empresas de cartões de crédito dos EUA. Apesar de negociações, é frisado que a soberania nacional não será pautada e que não há espaço para tratar da situação de Bolsonaro.
Novas sanções à risca e resposta brasileira
O país já havia enfrentado, antes da condenação de Bolsonaro, uma sobretaxa de 50% em seus produtos e, em seguida, várias sanções individuais. Além disso, em investigação, Washington abordou questões como desmatamento, práticas comerciais, regulação do PIX e comércio informal em São Paulo. Uma decisão sobre novas medidas pode ser divulgada em cerca de um ano.
Em contraponto, foi aprovada pelo Congresso a chamada Lei da Reciprocidade, que países que impõem sanções ao Brasil se retaliarem. Mesmo sendo considerado inviável o aumento de tarifas a produtos americanos, por seus impactos econômicos, há outras opções que permanecem, como cassação de patentes de medicamentos e a taxação de produções cinematográficas de Hollywood. O diálogo de Lula e Trump para tratar assuntos como esses deverá definir rumos da relação diplomática nos meses seguintes e indicar se haverá novas tensões ou se a crise será superada.
Fonte: Brasil 247
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