
Em um movimento forçado pela cúpula do União Brasil, o ministro do Turismo, Celso Sabino, oficializou nesta sexta-feira (26) seu pedido de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A saída, no entanto, não será imediata. A pedido do próprio Lula, Sabino permanecerá no cargo até a próxima quinta-feira (2) para acompanhar a entrega de obras para a COP30, em Belém.
O desembarque é uma resposta direta à resolução aprovada pelo União Brasil na última quinta-feira (18), que deu um prazo de 24 horas para que todos os filiados deixassem seus cargos no governo federal. A decisão da sigla, que integra a base aliada, foi tomada após reportagens que ligam o presidente nacional do partido, Antonio de Rueda, ao PCC, acusação que ele nega veementemente. Em nota, o partido sugeriu que há um "uso político da estrutura estatal" para desgastá-lo.
Apesar de cumprir a ordem partidária, o clima entre Sabino e Lula foi de cortesia. O ministro, que afirmou claramente que sua "vontade era continuar o trabalho", deixou a porta aberta para um possível retorno no futuro. "O presidente acenou com a possibilidade de ampliar esse diálogo com o União Brasil para vermos quais serão as cenas dos próximos capítulos", declarou Sabino após a reunião no Planalto.
Ele conseguiu negociar uma prorrogação de alguns dias para concluir compromissos oficiais, adiando uma saída que tentou evitar nas últimas semanas. O ministro gostaria de permanecer até a realização da COP30, em novembro, mas a pressão partidária se mostrou mais forte.
Com a saída de Sabino, o Ministério do Turismo ficará vago. Ele era o principal nome do União Brasil no primeiro escalão do governo Lula. A pasta é considerada estratégica, especialmente com os grandes eventos internacionais que o país sediará, como a própria COP30.
A decisão do partido, no entanto, não afeta outros dois ministros ligados à sigla: Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Juscelino Filho (Comunicações). Eles ocupam as pastas por indicação pessoal do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e não por cotas partidárias, portanto estão fora do alcance do ultimato.
A situação expõe a tensão na relação entre o Planalto e o União Brasil, um partido-chave para a governabilidade, e abre uma crise que deverá ser administrada pelo Palácio nos próximos dias.
Fonte: Globo.com