
A história da ex-governadora do Piauí, Regina Sousa, começa no interior do Piauí. Uma menina curiosa aprendia sobre reforma agrária antes mesmo de entrar na adolescência. Um tio era das Ligas Camponesas e não tinha com quem conversar, então falava como ela, uma criança. “Eu lia folhetos sobre latifúndio e aprendi essas palavras com 9, 10 anos", conta. Essa foi sua primeira escola política.
Na década de 1960, já em Parnaíba, Regina testemunhou os tempos sombrios da ditadura militar. "Aviões da FAB passavam voando baixo, e eu não entendia por quê. Meu vizinho era o 'Zé Comunista', um homem que se escondia em casa. Eu perguntava onde ele estava, e me respondiam: 'Não pode sair, está sendo vigiado'". Essas experiências a fizeram entender, ainda jovem, o preço da resistência.
Nos anos 1970, já professora e bancária, Regina mergulhou no sindicalismo combativo. "Lutávamos contra os pelegos, aqueles que amaciavam o lombo do trabalhador para o patrão montar". Foi nesse caldo de militância que ajudou a fundar o PT no Piauí, junto com operários e camponeses. O pessoal rural não tinha medo. Traziam no sangue a herança das Ligas Camponesas".
Sobre Wellington Dias, seu "filho político", Regina fala com carinho. “Certa vez, Vinícius, filho dele, me disse: 'Regina parece a mãe do meu pai'. Eu levava café para o Wellington nas campanhas, cuidava dele como se fosse meu".
No Senado (2015-2019), presidiu a Comissão de Direitos Humanos e deixou sua marca. "Trouxemos população de rua de todo o Brasil para debater no plenário. Aprovamos o Estatuto LGBT+, mesmo sabendo que seria barrado depois". Seu trabalho a elegeu uma das melhores senadoras de 2017, prêmio dado por juristas e professores universitários. "Fazia política com conteúdo, não com discurso vazio", orgulha-se.
Assista à entrevista completa