
A vice-presidente Kamala Harris está navegando em um cenário político complicado, tentando manter o apoio tanto dos eleitores judeus quanto dos árabes-americanos enquanto enfrenta críticas pela postura dos EUA em relação a Israel. Com a questão palestina intensamente debatida, que dividiu o partido e tumultuou os campi universitários no primeiro semestre, o desafio se torna ainda mais evidente à medida que a convenção democrata se aproxima, marcada para ocorrer entre os dias 19 e 22 em Chicago.
Recentes comícios em Michigan e Arizona evidenciaram a sensibilidade da questão para os correligionários de Harris. Em Detroit, enquanto discursava, manifestantes protestaram contra o apoio contínuo dos EUA a Israel, manifestantes gritaram “Kamala, você não pode se esconder, não votaremos em genocídio”. Apesar das interrupções, Harris se manteve firme em sua resposta.
“Se vocês querem que Donald Trump vença, então digam isso. Caso contrário, eu estou falando”, enquanto a multidão era retirada.
No Arizona, a vice-presidente novamente se viu interrompida enquanto discursava e reiterou sua posição sobre a guerra de Hamas contra Israel “Agora é a hora de fechar um acordo de cessar-fogo e finalizar o acordo sobre os reféns.”
Harris, como vice-presidente de Biden, ela apoia o direito de defesa de Israel, mas também demonstra empatia pela situação dos palestinos, especialmente após meses de conflito. A pressão dos manifestantes exige um cessar-fogo imediato em Gaza e um embargo de armas a Israel, o que a candidata evita apoiar diretamente.
Recentemente, durante uma reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, Harris se mostrou mais direta do que Biden ao exigir que Israel facilitasse a ajuda humanitária e buscasse um cessar-fogo com o Hamas. Ela fez questão de afirmar que não permaneceria em silêncio diante do sofrimento civil em Gaza.
Embora a guerra e a libertação dos reféns pareçam distantes, com pouca disposição de Netanyahu e do Hamas para negociar, Harris evita abordar a demanda de interromper o fornecimento de armas a Israel, um ponto crucial para a comunidade árabe-americana.
Michigan, um estado crucial nas eleições de novembro e com uma significativa população árabe-americana, refletiu a insatisfação com o governo nas primárias democratas, com mais de 100 mil eleitores — cerca de 13% do total — optando por um voto descompromissado. Kamala Harris deve prestar atenção a esse eleitorado, que pode optar por não votar em novembro se não se sentir satisfeito com suas políticas, correndo o risco de perder votos preciosos para Donald Trump.
Fonte: G1