
A revista britânica The Economist trouxe nesta quinta-feira (28) o ex-presidente Jair Bolsonaro à sua capa, descrevendo o julgamento que ele enfrentará no Supremo Tribunal Federal (STF) como um exemplo de maturidade democrática para o mundo, especialmente para os Estados Unidos. O artigo, intitulado “O Brasil oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática”, analisa como o país lida com as consequências do populismo autoritário, enquanto compara os avanços institucionais brasileiros com retrocessos observados em democracias ocidentais.
A imagem de capa mostra Bolsonaro com o rosto pintado com as cores da bandeira e usando um chapéu que remete ao “viking do Capitólio”, símbolo da invasão ao Congresso dos EUA em 2021 por apoiadores de Donald Trump. A revista o descreve como “Trump dos trópicos” e lembra que ele será julgado por tentativa de golpe de Estado, após se recusar a aceitar o resultado das eleições de 2022. O ataque às sedes dos Três Poderes em Brasília, liderado por seus apoiadores, é comparado à invasão ao Capitólio americano.
Segundo a Economist, as investigações apontaram que um general da reserva articulava um plano para anular o resultado eleitoral e havia conspirações para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O golpe fracassou por incompetência, não por intenção”, afirma a revista, ressaltando que a tentativa de ruptura institucional não teve sucesso graças à falta de capacidade dos articuladores, e não à ausência de vontade de Bolsonaro.
A publicação também destaca sinais de maturidade política no Brasil. Apesar da polarização, a maioria da população reconhece que o ex-presidente tentou se manter no poder de forma ilegal. Governadores conservadores, mesmo dependendo do apoio da base bolsonarista, criticaram seu estilo de governar. Para a revista, esse consenso abre espaço para reformas institucionais e para a modernização da política brasileira, com destaque para que políticos tradicionais de todos os partidos “querem jogar dentro das regras e avançar por meio de reformas”.
O artigo ressalta que o Brasil se diferencia de outros países, incluindo os Estados Unidos, onde medidas de Donald Trump ameaçaram a institucionalidade. Entre elas, a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, pressões sobre o Fed e tentativas de interferência em cidades governadas por adversários democratas. “A memória da ditadura ainda está fresca, e a maioria dos brasileiros acredita que Bolsonaro tentou dar um golpe para se manter no poder”, escreve a revista, reforçando que o país aprendeu a lidar com crises democráticas recentes e fortaleceu suas instituições.
Julgamento de Bolsonaro
O julgamento de Bolsonaro no STF está previsto para começar em 2 de setembro. A revista aponta que ele e seus aliados devem ser condenados, e que o processo brasileiro serve de estudo de caso para países que enfrentam ondas populistas. Segundo a Economist, o Brasil assume, pelo menos temporariamente, o papel de “adulto democrático” no hemisfério ocidental, oferecendo lições sobre como manter a estabilidade institucional diante de crises políticas e polarização radical.
Fonte: The Economist, Brasil 247 e Terra