Em comunidades do Piauí, iniciativas como Casas de Sementes e tecnologias de captação de água vêm garantindo alimento saudável, renda e futuro sustentável para milhares de famílias.
Neste 03 de outubro, Dia Nacional da Agroecologia, a sociedade é convidada a refletir sobre a importância de tornar o cuidado com o solo e com o meio ambiente uma prática diária. No Piauí, o Centro Regional de Assessoria e Capacitação (CERAC), em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, desenvolve ações que unem tradição e inovação para promover uma convivência sustentável no Semiárido.
Entre as principais iniciativas estão as Casas de Sementes, que preservam histórias, culturas e as sementes crioulas, livres de transgenia e agrotóxicos. Também se destacam as tecnologias sociais de convivência com o semiárido, como a cisterna calçadão e a cisterna de enxurrada, com capacidade para 52 mil litros, além da barragem subterrânea, que retém a água da chuva no subsolo, possibilitando o cultivo de alimentos mesmo em períodos de estiagem.
Essas ações fortalecem os quintais produtivos, onde agricultores e agricultoras familiares cultivam diversidade de frutas, verduras e legumes de forma orgânica, garantindo segurança alimentar, geração de renda e autonomia.
Água que gera vida e renda
Na comunidade Rabuda, no município de Milton Brandão–PI, as agricultoras Maria da Conceição Ferreira e Teresinha Maria de Macêdo, beneficiárias do Programa Uma Terra e Duas Águas, colhem alimentos variados no quintal de casa: cheiro-verde, alface, tomate, pimentão, pepino, maxixe, tudo sem agrotóxicos. Parte da produção já chega às feirinhas da cidade, auxiliando na renda familiar.
“Com a vinda dessa água, vamos poder aumentar nossas plantações e teremos mais qualidade de vida. Eu sempre quis fazer muita colheita, ter uma variedade de verduras, criar minhas galinhas e porcos, que é o que gosto”, afirma Ceiça.
A tradição secular das Sementes da Fartura
No Assentamento Pedra Branca, em Pedro II-PI, a tradição de guardar e multiplicar sementes é passada de geração em geração. Com a inauguração da Casa de Sementes da Fartura Lauro Chaves dos Santos, em julho de 2024, essa prática ganhou ainda mais força e mobilizou toda a comunidade, inclusive as crianças.
A agricultora Solange Chaves, professora voluntária da Escolinha de Agroecologia que funciona na Casa de Sementes, ressalta o sentimento coletivo de preservar a biodiversidade sertanja e como as crinças são fundamentais nesse processo:
“Eu vejo nessas crianças muito futuro e, aos poucos, vamos lapidá-las para que, um dia, quando não estivermos mais aqui, o Senhor lhes dê discernimento para que a história das Sementes da Fartura nunca se apague e que elas se propaguem por toda a existência.”
Fonte: Ascom CERAC
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