
A crescente violência em Salvador, especialmente em operações policiais, levanta debates sobre a política de segurança pública na Bahia. Na última terça-feira (4), uma ação da Polícia Militar no bairro Fazenda Coutos terminou com 12 mortos, após um confronto com criminosos armados que, segundo relatos, haviam invadido a região.
O Instituto Fogo Cruzado, que monitora casos de violência armada, aponta que essa foi a 100ª chacina registrada na capital e arredores desde julho de 2022. Segundo a organização, mais da metade desses episódios envolveu forças de segurança, resultando na morte de 261 pessoas.
A coordenadora do instituto na Bahia, Tailane Muniz, destaca que os números mostram a necessidade de uma nova abordagem na segurança pública. “Se uma operação policial deixa 12 mortos, fica evidente que o foco está no confronto e não na proteção da população. A comunidade enfrentou horas de tiroteio, transporte público suspenso e insegurança. O que de fato muda depois de tantas mortes?”, questiona.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado declarou que a ação foi uma resposta à violência crescente e que a presença policial foi reforçada na região para garantir a segurança dos moradores. A pasta informou ainda que os suspeitos foram socorridos, mas não resistiram. Durante a operação, a polícia apreendeu diversas armas, munições e drogas.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que realizará perícias para esclarecer os acontecimentos. A secretaria afirmou que a operação foi pontual e não tem relação com o Carnaval, garantindo que o policiamento continuará intensificado na área.
O Instituto Fogo Cruzado classifica como chacina qualquer situação em que três ou mais civis são mortos a tiros. Os dados mostram que Salvador é a cidade com maior número de registros, com 63 casos desde 2022, sendo 46 em operações policiais. Outros municípios também aparecem na lista, como Camaçari, Candeias, Lauro de Freitas e Simões Filho.
A maioria das vítimas das chacinas registradas era composta por homens adultos, mas também houve mortes de adolescentes, idosos e até crianças. Algumas das vítimas foram assassinadas dentro de casa, outras em bares, carros ou até durante eventos.
A crescente letalidade policial na Bahia reforça o debate sobre a eficiência e os impactos das estratégias de segurança adotadas no estado. Para especialistas, o alto número de mortes indica a necessidade de políticas mais eficazes e que protejam, de fato, a população.
Fonte: Brasil 247