Educação

Mãe de índia xavante acusa Funasa de negligência

Piauí Hoje

Quarta - 09/07/2008 às 03:07



A mãe da índia xavante de 16 anos que morreu no Hospital Universitário de Brasília na quarta-feira (25) acusou de negligência a Casa de Apoio à Saúde Indígena da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e o atendimento médico prestado à adolescente. Jaiya Xavante, que não conseguia falar e se locomovia com uma cadeira de rodas, foi vítima de abuso sexual e morreu vítima de uma infecção generalizada e duas paradas cardíacas causada pela perfuração dos órgãos genitais. A índia morreu após ser submetida a uma cirurgia. Para Carmelita Xavante, mãe da vítima, a casa de apoio à saúde da Funasa demorou para atender sua filha. "O que aconteceu foi a falta de atendimento da Casai para socorrer [Jaiya] e também houve negligência médica", disse. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, o crime aconteceu dentro da Casai (Casa de Apoio à Saúde Indígena), onde a garota viva desde o final de maio, ao lado de familiares, para tratamento médico. Por meio de nota, a Funasa informou que "na Casai, a Funasa mantém serviço de vigilância 24 horas. No dia que a indígena passou mal, havia 56 pessoas entre pacientes e acompanhantes". Funai As declarações foram transcritas pelo chefe do núcleo de apoio local da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Campinápolis (MT), Paulo Tsererãve Dumhiwe, e enviadas por meio de carta ao coordenador de apoio a áreas xavante, Edson Silva Beiriz, que acompanha os depoimentos à polícia. "O chefe da Funai no núcleo de norotã em Campinápolis, que por sinal é índio, conversou com a comunidade e elas declararam para ele naquela carta o que se passou. Então ali é um depoimento da família em relação aos fatos", afirmou Beiriz. De acordo com o texto, Carmelita Xavante relatou que a filha só foi levada ao hospital horas depois de ter começado a passar mal, apesar de haver duas viaturas da Funasa disponíveis para transporte de índios. Ao chegar ao hospital, Carmelita relatou que a filha foi levada para o banho e, em seguida, atendida por uma equipe do hospital. "Escutei a voz de um deles (...) vamos furar nela para que a barriga esteja diminuída e eu vi na mão de uma enfermeira um instrumento, tipo agulha (sic)", contou ela, de acordo com a transcrição literal da carta. Ainda segundo a carta, a tia de Jaiya, Maria Imaculada Xavante, que prestou depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira, negou que tenha sido responsável pela morte da sobrinha. "Matar a sobrinha é impossível. Por que faria isso? Por que motivo, se ela é sobrinha e eu ajudava a mãe a cuidar", relatou. Investigação A Polícia Federal vai investigar a morte da índia xavante de 16 anos que morreu no Hospital Universitário de Brasília na quarta-feira (25), após sofrer violência sexual. O ministro Tarso Genro (Justiça) se manifestou nesta sexta-feira sobre o caso e reconheceu que a violência contra os indígenas é freqüente. Segundo Tarso, a Polícia Federal vai investigar rigorosamente o caso. Ele admitiu que a violência contra indígenas não é novidade, mas que ficou surpreso com o tipo de agressão. "A PF vai fazer a mesma coisa que faz em outras situações, investigar rigorosamente para que ocorra punição devida e compatível à barbárie", disse o ministro sobre o crime. O diretor geral da PF, Luiz Fernando Correa, afirmou que o caso está sendo tratado pela Superintendência regional da PF. O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Meira, classificou o caso como uma "fatalidade terrível". Violência sexualO laudo do IML (Instituto Médico Legal) da Polícia Civil do Distrito Federal revelou que a índia xavante de 16 anos que morreu no Hospital Universitário de Brasília na quarta-feira (25) foi vítima de violência sexual. De acordo com o exame, foram encontrados vestígios de violência sexual provocado por objeto contundente, introduzido no ânus e na vagina da adolescente. O objeto, de acordo com o laudo, perfurou o baço, estômago e o diafragma da vítima, causando infecção generalizada.A índia xavante de 16 anos morreu após ser submetida a uma cirurgia. A adolescente teve duas paradas cardíacas e não resistiu. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, o crime aconteceu dentro da Casai (Casa de Apoio à Saúde Indígena), onde a garota viva desde o final de maio, ao lado de familiares, para tratamento médico. De acordo com a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), a adolescente teve meningite na infância e apresentava lesão neurológica. Não conseguia falar e se locomovia com uma cadeira de rodas. A jovem, que fazia tratamento no Hospital Sarah Kubitschek, era da aldeia São Pedro, no município de Campinápolis (MT). Por meio de nota, a Funasa informou que "na Casai, a Funasa mantém serviço de vigilância 24 horas. No dia que a indígena passou mal, havia 56 pessoas entre pacientes e acompanhantes".

Fonte: Folha Online

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