Economia

EXPORTAÇÃO

Brasil e China reforçam cooperação para acelerar exportação de carne e soja

Protocolo bilateral busca reconhecimento mútuo de certificações ambientais e integração de sistemas de rastreabilidade

Da Redação

Segunda - 11/08/2025 às 08:49



Foto: Ricardo Stuckert/PR Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidente da República Popular da China, Xi Jinping
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidente da República Popular da China, Xi Jinping

Em meio ao tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, Brasil e China avançam na construção de um protocolo bilateral voltado à certificação e à rastreabilidade de carne e soja, com o objetivo de fortalecer e acelerar as exportações para o país asiático. 

A iniciativa busca criar um mecanismo de validação mútua para certificações ambientais e sistemas de rastreamento, alinhando metodologias de medição de emissões, uso do solo, manejo ambiental e bem-estar animal. Com isso, certificados brasileiros desenvolvidos pela Embrapa, como os selos Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC), passariam a ter aceitação oficial por autoridades e empresas chinesas. A medida pode facilitar exportações, agregar valor aos produtos e reduzir barreiras não tarifárias.

Integração tecnológica e facilitação comercial

O protocolo prevê a integração de sistemas digitais de rastreabilidade, uso de QR codes com dados ambientais e compartilhamento de bases de dados. As negociações foram intensificadas durante missão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) à China, em junho, com participação da Embrapa e da ApexBrasil. A agenda incluiu reuniões com o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, a Academia Chinesa de Ciências Agrárias e representantes da Universidade Agrícola da China, além de empresas como Syngenta China e Tencent, que já operam soluções de rastreabilidade e medição de carbono.

A estatal Cofco Meat Investment, um dos maiores grupos do setor alimentício chinês, demonstrou interesse em estabelecer rotas de fornecimento de carne brasileira certificada como sustentável, com base nos padrões da Embrapa e em sistemas de rastreamento ambiental já utilizados por frigoríficos no Brasil.

Impacto estratégico na pauta de exportações

A carne bovina ocupa posição central nas negociações, tanto pelo protagonismo nas exportações quanto pelas demandas ambientais ligadas às emissões de metano e uso da terra. Em 2024, a China comprou 51,3% da carne exportada pelo Brasil, participação que saltou para 57% em julho deste ano, antes do tarifaço americano. A soja, principal item da pauta de exportação brasileira ao país asiático, também é foco do protocolo, com iniciativas como o Selo ABC+ e o programa Soja Plus sendo cotadas para reconhecimento bilateral.

O governo brasileiro aposta que a padronização e o reconhecimento desses certificados funcionarão como instrumentos de integração regulatória, antecipando exigências ambientais que tendem a se tornar mandatórias nos próximos anos. Uma visita técnica de autoridades chinesas ao Brasil está prevista para este ano, com o objetivo de conhecer de perto as tecnologias e os sistemas de rastreabilidade, etapa final antes da assinatura do acordo.

Contexto geopolítico e próximos passos

O fortalecimento dos negócios entre Brasil e China, além da ampliação da cooperação com outros países dos Brics, está no centro das queixas de Donald Trump. O presidente Lula afirmou estar em contato com líderes do bloco para discutir formas de enfrentar os ataques e as pressões econômicas dos Estados Unidos.

Paralelamente, a China aprovou neste mês a habilitação de 183 novas empresas brasileiras de café para exportação, reforçando a expansão da pauta comercial bilateral. Contudo, segue em andamento uma investigação chinesa sobre o impacto das importações de carne bovina na indústria local, que foi prorrogada até 26 de novembro. Caso seja constatado prejuízo aos produtores domésticos, Pequim poderá adotar tarifas adicionais ou cotas de importação. Até lá, permanecem as mesmas regras e tarifas atualmente em vigor para o Brasil.

Fonte: Brasil247

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