O mundo respirou mais aliviado, nesse domingo (23), com a alta médica do Papa Francisco, depois de 37 dias de internação no Hospital Gemelli, em Roma. E feliz por ele, nosso pontífice, aparecer na janela acenando e agradecendo aos fiéis que oravam pela sua recuperação. Internado devido a uma pneumonia bilateral, que quase o levou à morte, o papa agora volta a sua residência oficial, a Casa Santa Marta, no Vaticano. Durante os dois próximos meses, ele continuará, por recomendação médica, em tratamento com remédios e fisioterapia – além de muito repouso. Com voz fraca e numa cadeira de rodas, Jorge Bergoglio disse, com a humildade que o caracteriza, apenas o seguinte: “Obrigado a todos!”.
E obrigado dizemos nós, os mais de 1,4 bilhão de católicos no planeta, pela sua corajosa luta em favor da vida, não somente da sua, mas dos milhões de pessoas que padecem hoje, no mundo, por vários e complexos motivos. Obrigado por ter arejado a Igreja Católica, aproximando-a dos que realmente precisam de conforto espiritual e de uma mão amiga e confiável. Obrigado por ter adotado, ao ser eleito papa, o nome de Francisco, uma referência a Francisco de Assis, deixando bem clara sua opção preferencial pelos pobres e pela justiça social. E obrigado, sobretudo, por defender o diálogo inter-religioso, a ecologia integral, os direitos indígenas, a abertura digital, a sabedoria dos idosos e o acolhimento à comunidade LGBT+.
No ano passado, em visita a Roma pude, na Praça São Pedro, experimentar um momento de inesquecível emoção: ver Francisco passar bem próximo de mim, a poucos metros, distribuindo bênção, esperança, simpatia e carisma à multidão de fiéis que foi lá, em plena quarta-feira, assistir à Missa do Papa, oficialmente chamada de Audiência Geral. Embora não tenha beijado sua mão, tampouco o cumprimentado, senti algo indescritível tocando fundo minha alma e meu coração. Sua aura irradiava, naquele momento, todos essas sensações e outros sentimentos. O objetivo da minha viagem, contudo, foi alcançado: agradecer ao pontífice pelo sucesso da cirurgia, em 2023, contra um CA de próstata.
Dessa viagem, trouxe uma grande lição: ninguém sai o mesmo, do ponto de vista humano e espiritual, de um encontro com o Papa Francisco. Até a rivalidade esportiva com os argentinos perde a razão de continuar existindo. Tudo por estarmos diante de um ser iluminado, uma figura que desperta o melhor do íntimo da gente, que inspira nossos passos e ações diários. Que simboliza, no fundo, paz e amor no que essas palavras têm de mais significativo. Por isso, rezo todo santo dia, a exemplo de milhões de cristãos, pela sua delicada saúde aos 89 anos de idade. E que sou a resposta concreta – daí minha eterna gratidão – por ter sido transformado, após ouvir as seguintes palavras de Francisco: “Se consigo ajudar uma só pessoa a viver melhor, isso já justifica o dom da minha vida”.
Wellington Soares
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