A mesopotâmia formada pela ribeira esquerda do rio Parnaíba e a ribeira direita do rio Itapecuru, Maranhão, é um território histórico de destino de cearenses desde a segunda metade da era setecentista. Notadamente a imensa faixa, do curso médio para cima, dessas respectivas bacias.
Um exame cartográfico e das correntes demográficas rumo à pré Amazônia, facilmente confere explicações para esse movimento de gentes e interesses. Em 1777, por exemplo, adonam-se de bons nacos de terra e pastos do vale do Itapecuru, ramos viçosos dos Araújo e Alencar da região bravia do Cariri. Também para o imenso vale verde, já distritalizado com o topônimo geral de “pastos bons”, seguem então os Coelho do Médio São Francisco, e outros grupos aparentados.
Nas primeiras décadas dos 1800, chegam ao vale do riacho Balseiros, subafluente do dito Itapecuru, os Pereira de Sá, da Freguesia de Sobral, e também os Brandão, provavelmente, da freguesia do Senhor do Bonfim da Serra dos Cocos, ou Caratiús, derramada na região de limites entre o Ceará e o Piauí. Idem, os Oliveira, Dias Carneiro, outras mais.
Os Pereira de Sá, e Brandão, na conjuntura daquela primeira metade do século XIX, despontam já como titulares de fazendas de criação e lavoura, e, lógico, protagonistas da vida pública em franca estruturação. Assim é que os moradores das ditas ribeiras, itapecurana e parnaibana, com eles articulam uma freguesia católica, separada da velha Matriz de São Bento dos Pastos Bons, esta mais próxima da ribeira do Parnaíba.
Assim é que se ergue a feitoria e freguesia de São Miguel de Almeida D’El-Rey, logo absorvida por outra, de São Sebastião da Passagem Franca, situada num ponto e sobre a histórica estrada real pombalina, ligando, como via de progresso, os julgados de Pastos Bons e de Aldeias Altas, depois Caxias.
Esse redesenho institucional, aliás, configurado no contexto da declaração de Independência e do Império do Brasil, resulta na criação da dita paróquia de São Sebastião, em 1835, e do município de Passagem Franca, em 1838.
Celso, um forte, qual jacarandá
Trajano José Brandão, o primeiro do sobrenome a se fixar ali, em sua fazenda São Benedito, será um dos líderes dessa nova municipalidade sertaneja, numa congruência de interesses com outras famílias proprietárias de sua imensa redondeza. E sobretudo oom o pároco, Miguel Fernando Alves.
O município de Passagem Franca e sua própria Freguesia do centro-leste da província do Maranhão, nascem com bastante vigor econômico, e muita animação dos seus chefes políticos. Animação refreada pela insurreição balaiense, que submeteu, em cheio, o município nascente, além, e ainda mais duramente, o município, pai de todos, de Pastos Bons.
É nessa conflagração que despontam, defendendo a ordem social e seus próprios interesses, o dito Trajano José Brandão, investido na função, armada, de subprefeito no município de Passagem Franca, antes mesmo da eleição da primeira Câmara Municipal, o que se daria em 1841. Neste ano, Trajano José se encontra entre as primeiras autoridades eleitas do novo município, como juiz municipal e de órfãos.
Décadas depois, com o avanço da navegação e das trocas mercantis pelo Itapecuru, Caxias acima, a sede municipal passagense foi realocada no pequeno ancoradouro da fazenda Picos, dos Pereira de Sá, e Brandão. Em 1884 retomou sua autonomia, ficando essa família mais adstrita ao leito político picoense.
Essa espécie de patriarca do sertão e pró homem da Passagem Franca, antiga, Trajano José Brandão, gerou, em duzentos anos, cc Maria Raymunda do Rosário e Vasconcelos, na linha reta paterna: José Trajano Caminha Brandão, pai de Alcebíades José Brandão, pai de José Trajano Brandão, pai de Carlos Orleães Brandão, pai de Carlos Orleães Brandão Júnior, este, nada menos, que o atual governador do Maranhão.
Seis gerações, todos eles políticos, como se costuma dizer.
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