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Coronel só desistiu após torrar dinheiro público e fazer o serviço sujo do bolsonarismo

Diego Melo só saiu da disputa depois de usar todos os recursos e o tempo de propaganda no rádio e TV; terá feito isso só por "amor à causa"?

Por Luiz Brandão

Quinta - 29/09/2022 às 15:42



Foto: Diego Melo usou recursos público para promoção pessoal
Diego Melo usou recursos público para promoção pessoal

Quais seriam os reais motivos de desistência do candidato ao governo do Piauí pelo PL, coronel Diego Melo, além do péssimo desempenho eleitoral mostrado nas pesquisas? Teria sido mesmo só amor à causa bolsonarista e a vontade de derrotar o PT, como sempre diz? Ou estariam envolvidos outros valores muito apreciados por "laranjas"?

Quaisquer que sejam os verdadeiros motivos, a fuga do militar da disputa enterra de vez qual vestígio de seriedade política dele. Usar dinheiro do Fundo Eleitoral da campanha eleitoral para projetos pessoais é, no mínimo, um estelionato com recursos públicos.

Os gastos com tempo de propaganda de rádio e TV são pagos com dinheiro público do Fundo Eleitoral. Usar todos esses recursos o quanto pôde e desistir depois esgotá-los é uma demonstração de irresponsabilidade e desrespeito aos contribuintes e aos eleitores.

O PL do Piauí, do Diego, já havia recebido R$ 600 mil do Fundo Partidário, conforme disse em debate na TV Clube, na terça-feira (27) o candidato do Patriotas, Gustavo Henrique. Mas todo o dinheiro envolvido nessa demonstração de "amor à causa" teria sido só esse?

O coronel Diego confirmou a desistência em coletiva de imprensa, no final da manhã desta quinta-feira (29). Ele alegou a necessidade de união de forças para derrotar o PT no Estado.

Diego Melo já esteve e flertou com outros partidos de direita. Atualmente, está no PL, mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, que o agora ex-candidato idolatra, mas que foi abandonado pelo ídolo, que preferiu declarar apoio ao candidato Silvio Mendes, do União Brasil.

Esse abandono, de certo, causou o coronel um desconforto, um constrangimento, um sentimento de traição, de "chifre político". Seria normal. Mas ele preferiu esquecer esse desprezo e manter sua fidelidade canina ao seu ídolo.

A ordem dada foi para desistir da candidatura e apoiar quem Bolsonaro quer, no caso o candidato Silvio Mendes, indicado pelo ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil. E com Bolsonaro é assim: ele diz e o súdito obedece.

A saída do Coronel Diego Melo da disputa já era esperada. A própria assessoria da campanha do candidato Silvio Mendes, do União Brasil, já havia anunciando para "breve" a desistência e adesão de dois candidatos a governador à candidatura do ex-prefeito de Teresina.

Depois do fim da propagando política no rádio e TV e de possibilidade de ataques ao candidato do PT, Rafael Fonteles, o militar perdeu a serventia. As pesquisas mostravam que ele não tinha nenhuma chance de vitória e só esperava um "sinal" do presidente para desistir. Esse sinal foi a declaração de apoio de Bolsonaro a Sílvio.

Mas ele não foi bobão, como parece. Só fugiu da disputa depois de desfrutar de todas as benesses que a legislação eleitoral favorece. Demonstrando todo oportunismo, típico de bolsonarista, o coronel aproveitou de todos os recursos disponibilizados para ele e ficou como candidato até quando pôde usufruir deles, inclusive o último dia de propaganda na TV e no rádio.

O novo Congresso Nacional a ser eleito no próximo domingo prestará um grande serviço ao país se promover uma ampla, profunda e séria reforma política e no sistema eleitoral brasileiro para evitar que charlatões, fanfarrões e inescrupulosos oportunistas e alpinistas sociais e políticos possam se candidatar e usar dinheiro público em projetos pessoais e negócios escusos.

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Luiz Brandão

Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.

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