
O número de crianças e adolescentes obesos superou, pela primeira vez, àquele de menores abaixo do peso ideal. A nível global, um em cada 10 apresentam a condição, que eleva o risco de doenças fatais. O levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, constatou que a prevalência do baixo peso diminuiu desde 2000, de quase 13% para 9,2%. No mesmo período, a obesidade aumentou de 3% para 9,4%.
Em nível global, 391 milhões de menores estão com sobrepeso e 188 milhões obesos, condição aumenta risco de diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
Alimentação ideal requer 5 cores no prato
Em entrevista realizada pelo ONU News, a cardiologista pediátrica do Hospital do Coração em São Paulo, Natalia Jatene, falou sobre como promover uma alimentação mais equilibrada para as crianças.
A gente sempre fala pelo três porções de fruta por dia, então em cada refeição, e uma alimentação balanceada. Então de uma forma muito rápida e fácil: ter pelo 5 cores no prato. Eu acho que é uma coisa que facilita muito. Então vamos supor o arroz e o feijão, que é o que normalmente as pessoas comem, já são duas cores, um legume já é a terceira cor, eventualmente uma proteína é uma quarta cor, e uma salada é uma quinta cor.
Ela ressaltou que é importante evitar refrigerantes e sucos de caixinha, devido à alta concentração de açúcar. Natalia Jatene, que é membra da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, Socesp, também ressaltou que as crianças devem tentar se mexer mais, nem que seja subir uma escada, passear com o cachorro ou brincar com uma bola.
Dieta moldada por ultraprocessados e “fast-food”
O relatório “Alimentando o Lucro: Como os Ambientes Alimentares Estão Decepcionando as Crianças” reúne dados de mais de 190 países e considera a faixa etária entre 5 e 19 anos. Os dados revelam que 391 milhões crianças e adolescentes estão acima do peso e 188 milhões já são obesos.
A obesidade é uma forma grave de sobrepeso e leva a um risco maior de desenvolver resistência à insulina e pressão alta, bem como doenças fatais no decorrer da vida, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.
O relatório alerta que alimentos ultraprocessados e “fast-food”, repletos de açúcar, amido refinado, sal, gorduras e aditivos, estão moldando a dieta dos menores.
Proibições de venda
Uma jovem escolhe doces em um supermercado | Foto: Unicef
O Unicef denuncia que esses produtos dominam lojas e escolas e que o marketing digital dá à indústria de alimentos e bebidas um acesso poderoso ao público jovem. A agência defende intervenções para prevenir o sobrepeso e a obesidade infantil, visando proteger as crianças e a saúde pública. Até 2035, espera-se que o impacto econômico global do sobrepeso e da obesidade ultrapasse US$ 4 trilhões anualmente.
O relatório destaca medidas positivas tomadas pelos governos. Por exemplo, no México, o governo proibiu recentemente a venda e distribuição de alimentos ultraprocessados e com excesso de sal, açúcar ou gordura nas escolas públicas. A medida beneficia o ambiente alimentar de mais de 34 milhões de crianças.
Fonte: Unicef