Saúde

AMBULATÓRIO INÉDITO

Inaugurado primeiro ambulatório para doenças neurológicas raras em adultos no Piauí

O ambulatório fica localizado no Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI)

Da Redação

Terça - 29/07/2025 às 09:57



Foto: Arquivo/HU-UFPI Hospital Universitário da UFPI
Hospital Universitário da UFPI

O Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), vinculado à Rede Ebserh, inaugurou nessa segunda-feira (28), o primeiro ambulatório especializado em doenças neurológicas raras para adultos no estado do Piauí. A iniciativa representa um marco no atendimento a condições de baixa prevalência, mas de alto impacto clínico, social e emocional.

O novo serviço é voltado para o acompanhamento de pacientes com enfermidades como ataxias hereditárias (doenças genéticas que afetam o equilíbrio e a coordenação motora), porfiria intermitente aguda (distúrbio metabólico que causa crises graves com dores abdominais e sintomas neurológicos), amiloidose (acúmulo anormal de proteínas que prejudica órgãos e tecidos) e miopatias (condições que provocam fraqueza muscular), entre outros.

Segundo o neurologista Tibério Borges, do HU-UFPI, a criação do ambulatório em um hospital universitário representa um avanço fundamental tanto para o cuidado dos pacientes quanto para o desenvolvimento da ciência médica.

“Os hospitais universitários desempenham um papel central na formação de profissionais de saúde, na produção de conhecimento científico e na prestação de atendimento de alta complexidade à população. Um ambulatório voltado especificamente para doenças neurológicas raras fortalece essa tríade ao proporcionar um ambiente clínico-acadêmico altamente qualificado, no qual estudantes, residentes e pesquisadores têm acesso a casos clínicos desafiadores e oportunidades reais de aprendizado e investigação”, afirma.

Neurologista Tibério Borges / Foto: Instituto de Neurociências 

O médico também chama atenção para a dificuldade de diagnóstico dessas doenças, muitas vezes confundidas com condições mais comuns. 

“Muitas doenças neurológicas raras se manifestam com sinais comuns a outras condições mais prevalentes, como cefaleia, convulsões, fraqueza muscular, alterações cognitivas ou sensoriais. Isso pode levar a diagnósticos equivocados ou atrasados, especialmente em contextos em que o profissional de saúde não tem familiaridade com essas enfermidades”, exemplifica o especialista.

Atendimento especializado é fundamental para um diagnóstico preciso

O auxiliar de produção Cleilson Lopes da Silva, de 29 anos, enfrentou essa longa busca por respostas. Após sofrer com dores intensas, convulsões e paralisia total dos movimentos, foi diagnosticado com porfiria aguda intermitente somente em maio deste ano, já em tratamento pelo HU-UFPI. 

“O diagnóstico tardio agravou meu quadro clínico, já que diversos medicamentos comuns podem piorar as crises da doença. Sem saber da porfiria, fui medicado com alguns desses remédios, o que acabou intensificando ainda mais os sintomas”, relata.

Cleilson conta que os primeiros sintomas foram intensas dores abdominais, seguidas por alucinações, convulsões e perda total dos movimentos. Eu só conseguia mexer os olhos. Foi assustador”, lembra.

Desde o diagnóstico, Cleilson iniciou um tratamento com aplicação mensal de medicação específica e vem apresentando melhoras.

"Com a ajuda da equipe médica e muita fé, tenho evoluído bem. Já não uso mais cadeira de rodas e, mesmo com muletas, consigo andar. Hoje faço fisioterapia e agradeço a Deus e aos profissionais do HU por cada passo que dou".

Acesso por encaminhamento

Inicialmente, o acesso ao ambulatório será feito por meio de encaminhamento interno, em que o paciente deverá passar primeiro por uma consulta com um neurologista geral e, a partir daí, poderá ser direcionado ao novo serviço.

Para o neurologista Tibério Borges, a implantação de ambulatórios como esse é essencial para enfrentar os desafios impostos pelas doenças raras. 

“A implantação de ambulatórios especializados, sobretudo em hospitais universitários, é uma estratégia essencial para reduzir essas barreiras, promover diagnósticos mais precoces e garantir um cuidado mais eficiente e humanizado a esses pacientes”, conclui o neurologista Tibério Borges.

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