
Cientistas do Reino Unido anunciaram um novo exame que pode identificar mulheres com alterações no revestimento do útero, o que pode aumentar as chances de abortos espontâneos. O estudo, feito por especialistas da Universidade de Warwick e publicado na revista Science Advances, traz esperança para quem já passou por perdas gestacionais.
Segundo a pesquisadora Joanne Muter, da Escola Médica de Warwick, o objetivo do exame é detectar casos de aborto que poderiam ser evitados. Ela explica que, muitas vezes, as mulheres escutam que perderam o bebê por azar, mas, na verdade, o útero pode já estar com problemas antes mesmo da gravidez começar.
Os pesquisadores observaram que, em algumas mulheres com histórico de aborto espontâneo, o útero não se adapta corretamente para receber o embrião, o que prejudica o início da gestação. Isso significa que o ambiente dentro do útero pode não estar “pronto” para a gravidez, aumentando as chances de perda.
O professor Jan Brosens, que também participou do estudo, disse que é comum associar abortos espontâneos a problemas genéticos nos embriões, principalmente em mulheres com mais de 35 anos. No entanto, este novo trabalho mostra que cada perda aumenta o risco de o útero continuar com essa preparação inadequada, independentemente da idade da mulher.
Até agora, a maior parte dos exames de fertilidade focava no embrião, nos hormônios ou na genética, e pouco se investigava sobre o papel do útero nesse processo. Mas esse novo estudo muda esse cenário, mostrando que o útero tem papel essencial para o sucesso da gestação.
Os pesquisadores criaram um teste que consegue identificar se o útero está reagindo de forma normal ou não. Ele está sendo testado em mais de mil mulheres no Centro Nacional de Pesquisa sobre Perda Gestacional, no Hospital Universitário de Coventry e Warwickshire.
Uma das mulheres que participou do estudo é Holly Milikouris, que havia sofrido cinco abortos. O exame mostrou que o útero dela não estava se preparando bem para a gravidez. Após um tratamento com o professor Brosens, Holly conseguiu engravidar e hoje tem dois filhos saudáveis: George, de 3 anos, e Heidi, de 17 meses.
Ela contou que participar do estudo mudou sua vida. “Nunca vamos conseguir agradecer o suficiente. Esperamos que outras famílias também sejam ajudadas”, disse Holly.
Hoje, os exames de fertilidade ainda focam mais nos embriões ou nos hormônios, mas esse novo exame mostra que olhar com mais atenção para o útero pode trazer respostas, novos tratamentos e mais esperança para quem tenta engravidar e enfrenta repetidas perdas.
Fonte: Com informações da CNN