Saúde

VACINAÇÃO

Anvisa aprova vacina contra chikungunya do Butantan para aplicação no Brasil

Anvisa autoriza vacina do Butantan contra chikungunya para uso em adultos a partir de 18 anos

Da Redação

Segunda - 14/04/2025 às 11:51



Foto: Divulgação/Dra. Maria Isabel de Moraes Pinto Vacinação é essencial para prevenir doenças endêmicas
Vacinação é essencial para prevenir doenças endêmicas

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (14) o pedido de registro definitivo da vacina contra a chikungunya, desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva, uma empresa franco-austríaca.

Com essa aprovação, o imunizante será autorizado para uso na população brasileira acima de 18 anos. A vacina representa um avanço significativo no combate a uma doença que tem afetado milhares de brasileiros e outros cidadãos latino-americanos, principalmente na Argentina, Bolívia e Paraguai.

Nos ensaios clínicos realizados nos Estados Unidos, a vacina foi testada em 4 mil voluntários com idades entre 18 e 65 anos. O estudo mostrou uma excelente resposta imunológica: 98,9% dos participantes produziram anticorpos neutralizantes, e esses níveis se mantiveram elevados por pelo menos seis meses.

Os resultados do estudo, que foram publicados na renomada revista científica "The Lancet" em junho de 2023, indicam que a vacina tem um bom perfil de segurança e alta eficácia. Além disso, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e a European Medicines Agency (EMA) já haviam aprovado o imunizante, reforçando a confiança global na sua segurança e eficácia.

"Com a aprovação da Anvisa, o Brasil dá um passo importante no enfrentamento da chikungunya", afirmou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan. Ele destacou que, apesar do imunizante já ter mostrado alta eficácia, o Butantan está trabalhando em uma versão adaptada do produto, que incorporará componentes nacionais, visando sua incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS).

O próximo desafio será a análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), que avaliará a possível inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI). "A partir da aprovação do CONITEC, poderemos começar a distribuição estratégica da vacina, com foco nas regiões endêmicas, ou seja, onde os casos de chikungunya são mais frequentes", completou Kallás.

Além da segurança e eficácia, a vacina se destaca por ser pioneira em sua abordagem. Ela foi aprovada inicialmente com base na produção de anticorpos neutralizantes, um critério inovador, uma vez que as vacinas tradicionais geralmente são autorizadas com base em estudos de eficácia que comparam a incidência de casos em grupos vacinados e não vacinados. Isso foi possível porque a circulação do vírus da chikungunya é menos frequente, e a medida dos anticorpos foi considerada um indicativo eficaz da resposta imunológica.

A chikungunya é uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti, que também são responsáveis pela transmissão da dengue e do Zika vírus. Os sintomas incluem febre alta, dores articulares intensas, especialmente nos pés, mãos, tornozelos e punhos, além de dor muscular e manchas vermelhas na pele. Em alguns casos, a doença pode evoluir para dores crônicas nas articulações, comprometendo seriamente a qualidade de vida dos pacientes.

Em 2024, o Brasil registrou 267 mil casos de chikungunya e 213 mortes, conforme dados do Ministério da Saúde. O aumento das infecções tem gerado um impacto significativo nas comunidades, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país, onde a doença é mais prevalente. Atualmente, não existe tratamento específico para a chikungunya, o que torna a vacinação um pilar fundamental no controle da doença.

Além da vacinação, as autoridades de saúde alertam para a importância do controle dos vetores, com medidas preventivas como a eliminação de focos de água parada, onde os mosquitos se reproduzem. "É essencial que a população continue vigilante, esvaziando e limpando recipientes como vasos de plantas, garrafas e pneus, além de realizar o descarte correto do lixo", reforçou Kallás.

Com a nova vacina, o Brasil agora possui uma ferramenta valiosa para enfrentar uma das arboviroses mais desafiadoras da atualidade, e a expectativa é que ela ajude a reduzir a carga de infecções e complicações associadas à doença, melhorando a saúde pública no país.

Fonte: Brasil 247

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