
O prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), usou seu perfil no Twitter e fez um longo relato sobre as cobranças das quais tem sido alvo no tocante ao uso de medicamentos como hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus e internados na rede municipal de saúde da capital.
O gestor disse estar sendo pressionado diariamente por representantes de diversos segmentos da sociedade, ao mesmo tempo esclareceu que a Fundação Municipal de Saúde (FMS) já utiliza o protocolo adotado por grupos de médicos como os de Floriano, que monitoram pacientes em estágio inicial da doença com o medicamento em questão.
Esta semana o Governo do Estado informou que a equipe médica dos hospitais regionais e estaduais utilizam a cloroquina desde o início da pandemia. Em nota, o Governo afirma que o protocolo é medicado com autorização do paciente ou de um responsável e segundo orientação médica.
Confira na íntegra o texto publicado pelo prefeito Firmino Filho:
Tenho ouvido com frequência os apelos de várias pessoas, de todas as áreas, sobre a adoção de um novo protocolo específico no tratamento da Covid-19. Muitos defendendo inclusive, que é a cura para a doença, que a cada dia faz milhares de vítimas em todo mundo.
Entendo e compartilho da ansiedade para a descoberta de tratamentos mais eficientes para a doença, em qualquer que seja seus estágios. Dito isso, preciso ressaltar que todo e qualquer avanço ou recurso comprovado pela ciência, está sendo analisado e utilizado pela FMS que mantem um diálogo permanente com infectologistas e pesquisadores do mundo todo. Respeito o grupo de médicos que apresenta o “novo protocolo”. Inclusive, os medicamentos que eles defendem, já são utilizados no protocolo desenvolvido pelo nosso COE municipal.
Como acontece em várias partes do mundo, a hidroxicloroquina associada a outros medicamentos, já é usada em Teresina no tratamento da doença, mas sem deixar de considerar seus benefícios limitados, muito menos seus riscos já comprovados como: infarto, diabetes, derrames etc.
No entanto, por respeito ao momento que estamos vivendo, encaminhei ofício à Sociedade Brasileira de Infectologia, à Associação de Medicina Intensiva e ao Conselho Federal de Medicina, apresentando a sugestão de protocolo, para que seja avaliada pelas entidades competentes.
Ressalto que torço, inclusive, para que esta nova abordagem represente um avanço real no tratamento da doença, mas, como economista, tenho respeitado a decisão do nosso Comitê, que além de seguir recomendações do Conselho Regional de Medicina, é formado pelos nossos mais renomados e estudiosos médicos infectologistas e intensivistas, que não só mantem canal permanente com pesquisadores da Covid-19 em todo mundo, como convivem diariamente com o tratamento da doença na nossa cidade.
Enquanto não temos resposta oficial, não podemos perder de vista que cada médico é responsável pelo seu paciente, seja qual for a fase da doença.
Na rede municipal de saúde, temos total confiança na capacidade técnica do nosso corpo clínico e, por isso mesmo, defendemos que ele tenha autonomia para a abordagem que considere mais eficiente, respeitando a necessidade e as reações do paciente a qualquer tipo de tratamento.
Sobre uso de uma medicação na quantidade e momento específicos, reafirmo o que eles têm defendido: administrar remédio é administrar riscos. Medicar sem critério é assumir um risco ainda maior.
Washington Bonfim, que integra o Comitê Gestor, explica que o protocolo utilizado pela Prefeitura já utiliza cloroquina, apesar de benefícios limítrofes, mas sempre atendendo a critérios de segurança, e que o protocolo prevê também o uso de corticóides, com critérios e em momentos bem específicos. “O COE entende que esse tipo de medicação segue critérios bem definidos porque aumenta o risco de morte por infarto, derrame e diabetes. E, anticoagulantes são usados em casos de formação de coágulos pelo corpo há mais de 30 anos, mas sempre observando diversos exames laboratoriais que atestam segurança para o uso das referidas medicações”, destaca.