
A audiência pública sobre a seca na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), nesta segunda-feira (22), evidenciou um cenário preocupante: mais de 1 milhão de piauienses precisam de ajuda hídrica. A reunião, que tinha como objetivo buscar soluções, deixou claro que o problema é complexo, envolve desde a ineficiência na distribuição de água até a falta de um plano estratégico de longo prazo.
Deputados de diferentes partidos trouxeram à tona a gravidade da situação. Francisco Limma (PT) denunciou a ineficiência da distribuição de água por carros-pipa, com denúncias de água sendo vendida ou de péssima qualidade.
“Nos últimos 30 dias, visitei quase 30 cidades que estão em situação de seca e estou impactado com a intensidade da estiagem deste ano”, disse Limma
Já o deputado estadual Gustavo Neiva (PP) e a vereadora de São Lourenço do Piauí, Amanda Barbosa, presente da audiência, defenderam a transposição do rio São Francisco como uma solução definitiva. O deputado Hélio Isaías (PT) destacou que o Piauí tem potencial hídrico no subsolo, mas falta um plano para usar essas reservas. A crítica à Agespisa e a Águas do Piauí também foi recorrente, com o deputado Evaldo Gomes (Solidariedade) a chamando de "elefante branco" e a vereadora Amanda questionando sua capacidade de solucionar o problema.
Audiência pública na Alepi discutiu a seca no Piauí (Foto: Alepi)
O debate pontuou ainda sobre a inércia dos gestores como obstáculo. Anísio Lima, superintendente da Embrapa Meio Norte, criticou o desinteresse dos administradores piauienses em buscar as soluções tecnológicas que a empresa já desenvolveu.
“Já cheguei a receber 100 representantes da África para conhecer as soluções tecnológicas voltadas à convivência com a seca, mas pouco recebemos administradores piauienses”, disse o representante da Embrapa
Ações apresentadas pelo Governo do Estado
O secretário de Planejamento, Washington Bomfim, reconheceu a gravidade da crise e detalhou as ações que estão em andamento. Ele explicou que a MRAE (Microrregião de Água e Esgoto do Piauí), em conjunto com os municípios, concedeu os serviços para a Águas do Piauí, visando o cumprimento das metas do Marco Legal do Saneamento Básico.
O secretário de Planejamento, Washington Bomfim apresentou ações do Governo do Estado (Foto: Alepi)
Segundo Bomfim, além dessa parceria, o governo está investindo em:
Perfuração de poços e construção de cisternas.
Contratação de carros-pipa.
Captação de recursos federais para auxílio-alimentação e construção de sistemas de abastecimento e adutoras, em parceria com as prefeituras
Apesar das ações, o secretário cobrou a participação dos gestores municipais, já que a Defesa Civil é uma responsabilidade das prefeituras e a liberação de recursos federais depende da informação que os municípios fornecem.
O presidente da Associação Piauiense de Municípios (APPM), Admaelton Bezerra, explicou que alguns prefeitos enfrentam dificuldades porque a população não aceita a cobrança pela água e outros não entendem as mudanças geradas pela MRAE.
O diretor-presidente da Águas do Piauí, Guilherme Dias, afirmou que a empresa tem dialogado com os gestores e que um plano emergencial, com investimento de mais de R$ 80 milhões, está em andamento com a perfuração de poços, instalação de reservatórios e estações de tratamento.
Ao final da audiência pública, o presidente da Alepi, Severo Eulálio destacou que a reunião teve a intenção de buscar soluções e que a ação conjunta entre Governo, Águas do Piauí, deputados, prefeitos e vereadores pode levar água à população do semiárido. Um dos encaminhamentos do debate foi buscar mais proximidade com o Governo Federal e com a bancada federal para que mais recursos cheguem e, assim, soluções definitivas sejam realizadas, como a construção da Adutora do Sertão e a transposição do rio São Francisco.
Fonte: Alepi