Política

DITADURA NUNCA MAIS

Lideranças querem retirar nomes da ditadura de ruas, avenidas e escolas de Teresina

Movimentos progressistas e democráticos pressionam por mudanças, enquanto nomes de ditadores ainda batizam avenidas, escolas e monumentos na capital piauiense

Por Luiz Brandão

Sábado - 15/02/2025 às 12:10



Foto: Instagram Pedro Laurentino, ex-vereador de Teresina e Recife
Pedro Laurentino, ex-vereador de Teresina e Recife

Representantes de movimentos progressistas e democráticos de Teresina estão mobilizando esforços para retirar os nomes de expoentes da ditadura militar de ruas, avenidas e outros logradouros da cidade. A iniciativa, liderada por figuras como o ex-vereador Pedro Laurentino, da Unidade Popular, busca substituir essas homenagens por nomes que celebrem a resistência e a democracia.

No Brasil, o número de logradouros que homenageiam figuras da ditadura militar, responsável por perseguir, exilar, torturar e assassinar milhares de brasileiros, vem diminuindo. Segundo dados do IBGE, na última década, o número de escolas que carregavam esses nomes caiu 26%. Em João Pessoa, na Paraíba, uma lei recente determinou a remoção de todas as referências a ditadores, torturadores e golpistas dos logradouros públicos.

Em Teresina, no entanto, essa prática ainda não foi adotada. A Avenida Marechal Castelo Branco, uma das principais vias da capital, continua a homenagear o comandante do golpe militar de 1964. Ironia do destino, a avenida abriga a Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal. O Comitê pela Memória, Verdade e Justiça de Teresina luta há anos para rebatizar a avenida com o nome de Esperança Garcia, uma figura histórica que simboliza a resistência contra a opressão.

Além disso, o Comitê tenta, sem sucesso, transformar o antigo quartel da Polícia Militar, onde eram mantidos presos políticos durante a ditadura, no Memorial da Resistência e da Democracia. O local, que hoje abriga a Central de Artesanato Mestre Dezinho, poderia se tornar um centro de visitação para educar as novas gerações sobre os 21 anos de trevas que marcaram o país. No entanto, o governo do estado, liderado há mais de 20 anos por partidos de esquerda (PT e PSB), abandonou a parceria com os movimentos sociais, deixando a iniciativa no esquecimento.

Enquanto isso, nomes como os de Antonio de Padua e Sitonio, piauienses assassinados na Guerrilha do Araguaia, e tantos outros perseguidos, cassados e presos durante o regime militar, continuam ignorados pelas autoridades na hora de nomear ruas, escolas e avenidas. Em contrapartida, logradouros públicos ainda homenageiam figuras como o marechal Castelo Branco, o general Emílio Garrastazu Médici, o marechal Costa e Silva e Petronio Portelaa, comandante civil da ditadura.

Segundo Pedro Laurentino, um levantamento realizado pelo Comitê da Verdade de Teresina identificou os seguintes logradouros e monumentos que homenageiam ditadores na cidade:

- Marechal Castelo Branco:

- Avenida que margeia o rio Poti, unindo as zonas norte e sul da cidade;

- Unidade Escolar (estadual) Polivalente no bairro Ilhotas.  

- General Emílio Garrastazu Médici:  

  - CMEI (creche municipal) no bairro São Cristóvão;

- Avenida no bairro Taboleta.  

- Marechal Costa e Silva:

- Avenida no conjunto Lourival Parente;

- CMEIE (creche municipal) no conjunto Monte Castelo, bairro Redenção.  

Petronio Portela:

- Campus Universitário da UFPI;

- Avenida no bairro Primavera, unindo as zonas leste e norte;

- Aeroporto de Teresina.

Manifestação - Há dois anos, foi realizada uma manifestação pedindo a mudança do nome da Avenida Marechal Castelo Branco para Avenida Esperança Garcia. A luta pela renomeação desses logradouros não é apenas simbólica, mas uma forma de reparação histórica. Para os movimentos sociais, é fundamental que as novas gerações conheçam a verdade sobre o período da ditadura militar e honrem aqueles que lutaram pela democracia e pela liberdade.

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