
Mesmo internado na UTI em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e a negar envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A declaração foi dada em entrevista ao SBT Brasil, exibida na noite de segunda-feira (21), diretamente do leito onde ele se recupera de uma cirurgia abdominal.
Bolsonaro afirmou que decidiu falar para “não deixar criar corpo certas narrativas” sobre os atos do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes. Ele é réu em ação penal no STF que investiga sua suposta participação na articulação do movimento que culminou na invasão dos prédios públicos.
"Estou sendo julgado politicamente, não tecnicamente. Falam em golpe, mas como posso estar envolvido se nem no Brasil eu estava?”, disse. “Golpe de Estado sem liderança, sem tropas, sem arma, em um domingo e sem presidente para destituí-lo no momento. Não tem cabimento”, afirmou o ex-presidente.
Durante a entrevista, Bolsonaro também negou que tenha havido planejamento de uma organização criminosa armada por trás dos atos. “Pergunte se alguma arma branca ou de fogo foi apreendida no 8 de janeiro?”, questionou.
Ele está internado desde o dia 11 de abril, após passar mal durante um evento político no Rio Grande do Norte. Depois de atendimentos em Santa Cruz e em Natal, Bolsonaro foi transferido para o Hospital DF Star, na capital federal. No local, foi submetido a uma cirurgia de emergência que durou 12 horas para corrigir uma obstrução intestinal provocada por aderências formadas após a facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.
De acordo com o boletim médico mais recente, divulgado no domingo (20), Bolsonaro permanece na Unidade de Terapia Intensiva, em jejum oral e recebendo alimentação intravenosa. As visitas seguem restritas e ele realiza sessões diárias de fisioterapia. Ainda não há previsão de alta.
A ação penal no STF foi aberta após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra Bolsonaro por incitação e suposta tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A Corte aceitou a acusação e o caso segue em fase de instrução, o que pode levar o ex-presidente a ser julgado.
Desde que teve os direitos políticos suspensos até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro tem mantido uma agenda pública ativa, participando de eventos e reuniões com aliados. A internação interrompeu uma série de compromissos políticos pelo Nordeste, onde ele havia iniciado uma série de viagens em apoio a pré-candidatos do PL.
Segundo a equipe médica, a recuperação de Bolsonaro exige cuidados contínuos e deve se estender pelas próximas semanas.
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Fonte: Diário do Centro do Mundo