
O ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em processo no STF por tentiva de golpe de estado, foi encaminhado ao centro cirúrgico na manhã deste domingo e foi submetido a uma operação para desobstruir parte do intestino, informaram assessores do ex-presidente.
Bolsonaro passou mal na sexta-feira no Rio Grande do Norte, após sentir os efeitos retenção intestinal, e foi transferido no sábado para Brasília, onde é tratado no DF Star, um hospital particular de Brasília.
Na noite de sábado, um dos médicos da equipe que acompanha o ex-presidente, Leandro Echenique explicou como seria feita a cirurgia. É uma cirurgia aberta, que vai corrigir essa parte da obstrução das alças (intestinais). Vai tirar a tela (implante que reforça a musculatura) que ele tem, recolocar, então vai ser feita (a desobstrução). Então é uma cirurgia bem extensa. Veja bem, é um abdome que já foi muito manipulado, desde 2018, quando ocorreu a facada", disse o médico.
Echenique explicou que, apesar da gravidade do caso, Bolsonaro estava em condições estáveis. "Houve uma melhora no quadro da dor. Ele está bem confortável", relatou o médico que acrescentou: "Mas isso não significa que houve melhora no quadro de obstrução intestinal. Nos demais aspectos, de pressão, cardíaca, está estável. Mas o quadro abdominal está mantido. Não houve melhora", explicou.
Quais as causas da obstrução intestinal?
A obstrução intestinal, causa da atual internação de Bolsonaro, ocorre quando há bloqueio do intestino, parcial ou completo, o que impede o funcionamento normal do sistema digestivo ou a passagem das fezes. O ex-presidente também foi hospitalizado devido ao problema em maio do ano passado, em 2023 e em 2021. Em 2023, chegou a ser operado para resolver a obstrução.
Segundo informações do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), a obstrução intestinal pode ter diferentes causas. As mais comuns são aderências (faixas de tecido fibroso feitas por cicatrizes), tumores e hérnias. Casos como o de Bolsonaro, de pacientes que foram submetidos previamente a operações abdominais, são comuns devido às cicatrizes.
Outras causas citadas pela entidade são:
torção no intestino;
acúmulo de vermes;
diverticulite;
enterite pós-radioterapia;
impactação fecal;
intoxicação por chumbo;
penetrações de segmentos do intestino.
Quando a obstrução é parcial ou incompleta do intestino, o diagnóstico é chamado de suboclusão intestinal. Nesses casos, o tratamento geralmente não envolve a cirurgia e é realizado por meio da administração de líquidos por via intravenosa ou por uma sonda inserida na cavidade nasal que vai até o intestino.
O paciente também é mantido em jejum até que o problema seja completamente resolvido. O objetivo é aliviar a pressão no intestino para que a obstrução seja desfeita. O tratamento precisa ser feito em âmbito hospitalar, por isso a necessidade de internação.
Já em quadros mais graves de obstrução completa há a indicação da cirurgia para liberar manualmente o trânsito do intestino. A operação também pode ser recomendada quando o tratamento mais conservador não dá resultado em cerca de 48 horas, explica o cirurgião do aparelho digestivo Juliano Barra, do Hospital Sírio-Libanês.