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Ciro insinua que não assinou impeachment de Alexandre Moraes a pedido de Bolsonaro

Ex-ministro da Casa Civil e presidente do PP, senador afirma que todas as suas ações são alinhadas com o ex-presidente

Por Luiz Brandão

Terça - 19/08/2025 às 11:53



Foto: Reprodução
"Não assinei e não vou assinar o pedido de impeachment do ministro Alexandre", disse Ciro Nogueira (PP-PI)

O senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, decidiu não assinar o pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do processo que investiga a tentativa de golpe de estado. O documento é uma reivindicação de grupos bolsonaristas, que reagiram com críticas à decisão do aliado.

Em entrevista a um podcast local (IElcast) Nogueira deixou transparecer que a decisão partiu de um "alinhamento" com o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Eu não posso dizer que foi ele que pediu porque senão vira manchete. Mas tudo que faço é alinhado com o presidente Bolsonaro", declarou o senador, que foi ministro da Casa Civil durante o governo Bolsonaro e recentemente visitou o ex-presidente.

Ao comentar a situação de Bolsonaro, atualmente com tornozeleira eletrônica e em prisão domiciliar, Ciro Nogueira disse ter ficado triste. "Um homem que não roubou, não matou numa situação daquela...", lamentou.

A reação dos aliados 

A negativa de Ciro Nogueira em subscrever o impeachment do ministro do STF foi mal recebida por setores radicais bolsonaristas, que viram na atitude uma quebra de alinhamento e até traição à causa. Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente criticaram o senador, acusando-o de fraqueza ou de ceder à pressão do STF.

O ministro Alexandre de Moraes é alvo constante de ataques desses grupos por ser o relator do inquérito que apura os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e a tentativa de golpe que envolve Bolsonaro diretamente.

Jair Bolsonaro e outras sete pessoas, incluindo militares e generais, foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e são réus no STF pelos crimes de tentativa de golpe de estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada.

De acordo com as investigações da Polícia Federal e a denúncia da PGR, os acusados tinham um plano detalhado e violento. Conforme o deputado De Assis Diniz (PT), com base nas apurações, "eles iriam prender o ministro do Supremo e enforcar. Iriam prender e matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Alckmin (PSB)". O plano seria de conhecimento da cúpula do suposto golpe.

A decisão de Ciro Nogueira, portanto, evidencia a complexa estratégia do núcleo bolsonarista, que, publicamente, mobiliza sua base contra o STF, mas, nos bastidores, parece adotar uma postura mais cautelosa perante a Justiça.

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