
O pastor Paulo Henrique de Oliveira Cândido, de 50 anos, foi preso na manhã desta quinta-feira (26), acusado de estuprar uma adolescente de 13 anos, portadora de microcefalia e paralisia cerebral. O estupro, segundo as investigações feitas até agora, teria ocorrido no Escolão do Mocambinho, na zona Norte de Teresina.
De acordo com o Delegado Geral, Luccy Keiko Leal Paraíba, o homem teria se aproveitado por ser estagiário da área de enfermagem para estuprar a adolescente. O acusado foi preso dentro da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) quando prestava depoimento na manhã desta quarta-feira.
O delegado delegado Luccy Keiko, disse que, segundo o que foi apurado até agora, o acusado retirava a adolescente da sala de aula sob o pretexto de realizar alguns cuidados e era nesse tempo fora e que ele levava a menina para outro local no colégio que ocorria o estupro.
Além dos depoimentos, há laudos periciais nos autos que comprovam o crime. "Ele está preso, será conduzido à audiência de custódia e ficará à disposição da Justiça", disse o delegado.
DENÚNCIA
A denúncia do estupro foi feita dia 18 deste mês, em reportagem do portal Piauí Hoje.Com. Na quarta-feira (25) o portal conversou com uma das tias da menina. Ela pediu para preservar a identidade da família. A servidora pública de iniciais J.S. relata que toda a família está desesperada e bastante abalada, sem ao menos ter como se consolar devido ao isolamento social.
A família percebeu que M.E.T.P.G, foi violentada no dia 18 de março, último dia de aula devido à pandemia do novo coronavírus. A mãe da adolescente foi dar banho nela e viu que os seios da garota estavam feridos. Em seguida ela percebeu que a região genital também estava lesionada.
"M.E.T.P.G, já vinha dando sinais e a gente nunca quer acreditar, a gente não enxergava o que estava acontecendo. Já tinha ferimento na região íntima dela antes, mas como ela menstruou recentemente e passou a usar absorvente, a mãe dela levou ao médico imaginando que seria alergia ao absorvente, portanto a menina não deixou ser examinada pelo médico. Ela gritava e não queria que ninguém tocasse nela. [...] Jamais imaginamos que seria na escola. Ela falava de um monstro que pegava ela na escola. A mãe foi até a escola para conversar com a cuidadora e lá os amiguinhos falaram que a cuidadora só ficava com minha sobrinha na parte da manhã e a tarde era um homem quem ficava e sempre a retirava da sala de aula. Foi ai que a ficha caiu", detalha J.S.
No mesmo dia que descobriu o estupro, a mãe da vítima, a vigilante D.T.P.S. registrou um Boletim de Ocorrência (B.O) na Central de Flagrante de Gênero. Em seguida, a garota passou por exames no Serviço de Atenção à Mulheres Vítimas de Violência Sexual (SAMVIS), da Maternidade Dona Evangelina Rosa, que apontaram o estupro.
O caso foi encaminhado para a delegada Camila Miranda, titular da DPCA, que pediu o mandado de prisão contra o cuidador. O cuidador e o diretor da escola compareceram à DPCA na manhã de hoje para prestar depoimento, onde o estuprador acabou preso em cumprimento ao mandado judicial.
Segundo informações da família, o depoimento do diretor foi confuso e em breve ele poderá ser chamado novamente à delegacia para prestar mais esclarecimentos. A delegada tem 30 dias para concluir o inquérito.
A família da vítima disse ainda que a polícia apreendeu o celular de Paulo Henrique para aprofundar as investigações.
SEMEC
Procurada pelo PiauíHoje.com, a Secretaria Municipal de Educação de Teresina (SEMEC) não passou novas informações sobre o caso. Na sexta-feira (21), o órgão divulgou uma nota e disse que providenciou a abertura imediata de processo administrativo para apuração rigorosa dos fatos. O PiauíHoje.com questionou sobre outros casos suspeitos de estupros ocorridos dentro do Escolão do Município e a Semec disse apenas que a polícia está investigando e que só chegou ao órgão o caso da estudante de 13 anos com microcefalia e paralisia cerebral.
Veja na íntegra a nota da Semec divulgada na sexta-feira:
"A Secretaria Municipal de Educação de Teresina (SEMEC) na manhã desta sexta-feira, foi procurada por familiares de uma aluna do Escolão do Mocambinho, que apresentou denuncia de abuso contra a aluna. A família informou ainda que fez registros do fato junto ao Conselho Tutelar, Instituições de Saúde e em Delegacia de Polícia. A SEMEC manifestou solidariedade à família e profundo pesar pelo ocorrido, e, colocou-se à inteira disposição da mesma para colaborar na investigação com os órgãos competentes. E, administrativamente, a SEMEC já providenciou imediata abertura de processo administrativo para apuração rigorosa dos fatos".
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