
Os ataques cibernéticos que atingiram a Universidade Federal do Piauí (UFPI) em 2024 foram encomendados por estudantes da própria instituição, segundo informou o delegado Eduardo Monteiro, da Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (9).
A Operação Hackback, deflagrada pela Polícia Federal no início da manhã de hoje, teve como objetivo desarticular o grupo de hackers responsável pelas invasões. Segundo Eduardo Monteiro, os ataques ocorreram em dois momentos distintos: o primeiro, em maio de 2024, coincidiu com uma manifestação de alunos que reivindicavam melhorias na universidade, enquanto o segundo, em julho, tinha caráter de zombaria, desindexando a página da UFPI nos mecanismos de busca e substituindo conteúdos do site oficial por páginas diferentes do habitual.
“Foram ataques encomendados, relacionados às manifestações de alunos e também a uma reivindicação política em um dos casos. O segundo ataque teve caráter mais jocoso, para zombar da instituição”, explicou o delegado.
Delegado Eduardo Monteiro em entrevista à imprensa
Ele detalhou que, no primeiro ataque, o objetivo era manifestar os desejos de um estudante que fazia pleitos à reitoria da UFPI, incluindo melhorias como instalação de ar-condicionado e geladeira industrial. Já o segundo ataque não tinha reivindicação específica. “Era apenas para zombar da instituição”.
Eduardo Monteiro esclareceu que o grupo, chamado HAC, já realizou ataques em outras instituições do Estado e que seus integrantes, embora ligados apenas pela internet, compartilhavam interesses comuns. “Em tese, eles não se conheciam pessoalmente, eram pessoas que compartilhavam as mesmas ideias e efetuavam esses ataques, inclusive vendendo cursos de ataques a instituições na internet”, afirmou.
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em São João do Piauí (PI), Formosa (GO), Santo André (SP) e Parauapebas (PA). Foram apreendidos computadores, celulares e mídias utilizadas pelos hackers. O delegado disse que a prioridade agora é apurar se houve pagamento pelos ataques, valores envolvidos e aprofundar investigações sobre possíveis outros ataques.
“Temos indícios de ataques a outras instituições, mas ainda não podemos revelar os detalhes. Há possibilidade de que membros do grupo tenham agido em diferentes lugares”, acrescentou Monteiro. Ele também citou casos anteriores de integrantes do HAC, incluindo ataques a sites de outras instituições e ações envolvendo contratações esportivas.
Até o momento, não houve prisões, apenas o cumprimento dos mandados. O delegado ressaltou que as investigações continuam em andamento para esclarecer a motivação completa de cada estudante envolvido e responsabilizar os responsáveis.
Os ataques
As apurações tiveram início após denúncias apresentadas pela Reitoria da UFPI, que relatou dois incidentes graves de invasão. O primeiro ocorreu em maio de 2024, quando o site oficial da instituição foi atacado um dia após protestos de estudantes na reitoria. Na ocasião, o invasor publicou uma foto do presidente Lula (PT) acompanhada de xingamentos contra os manifestantes e críticas à segurança digital da universidade.
Já em julho de 2024, servidores e estudantes enfrentaram dificuldades para acessar os sistemas acadêmicos da instituição, entre eles o SIG, Sinapse e Gitsig. A UFPI confirmou em nota que parte da infraestrutura havia sido comprometida por um ataque hacker.
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