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Secretária cala sobre desastre ambiental em Parque Solar de São Gonçalo do Gurguéia

Rompimento de bacias de contenção de parque solar provoca destruição em São Gonçalo do Gurgueia

Luiz Brandão

Quarta - 26/02/2020 às 13:15



Foto: CCOM A Secretária de Meio Ambiente, Sádia Castro
A Secretária de Meio Ambiente, Sádia Castro

Apesar das tentativas do Portal Piauí Hoje.Com de obter a opinião dela sobre o assunto, a secretária estadual do Meio Ambiente, jornalista Sádia Castro, até hoje (26.02) não se pronunciou sobre o desastre ambiental causado pelo rompimento de bacias de contenção do Parque Solar de São Gonçalo do Gurgueia.

O rompimento das bacias de contenção aconteceu dia 5 de fevereiro, mas somente dia 12 a notícia veio a público através do portal Piauí Hoje.Com. A intencionalidade de abafar o caso ficou claro quando a empresa proibiu a entrada de represente da prefeitura de São Gonçalo do Gurgueia para fiscalizar o local.

O demorado silêncio da Enel Green Power, empresa responsável pela construção e manutenção do parque solar, é outro indício de tentativa de esconder o desastre. Dois dias depois de publicar matéria sobre o caso, a empresa enviou uma tímida "nota de esclarecimento" ao portal Piauí Hoje.Com. Na nota a Enel disse que estava dando assistência às vítimas, o que não aconteceu até agora.

A destruição de plantações, morte de animais, isolamento de comunidades e assoreamento de trecho do Rio Gurgueia foram as consequências imediatas do rompimento de bacias de contenção de águas das chuvas no entorno do parque de energia solar de São Gonçalo do Gurgueia, município localizado no extremo Sul do Piauí.

Com o grande volume de águas das chuvas do final de 2019 e início deste ano, as bacias construídas no entorno do parque ficaram totalmente cheias e se romperam. A enxurrada desceu a Serra de Santa Marta, onde fica o parque, para as áreas mais baixas, levando muito entulho, areia e lama, deixando um rastro de destruição por onde passou.



O secretário de Meio Ambiente de São Gonçalo do Gurgueia, Edilberto Nobre, diz que na área mais atingida moram 30 famílias, mas elas não correm risco de morte. A Enel Green Power, empresa responsável pela instalação e gestão do parque, teria proibido o secretário de fiscalizar as obras na área.

Relatos das vítimas revelam que a água e a lama invadiram as terras e plantações de agricultores e pecuaristas dos povoados Grotão da Lapa, Buritizinho e Lapa, que ficam a 3, 6 e 9 quilômetros, respectivamente, do centro da cidade de São Gonçalo do Gurgueia. Imagens do desastre confirmam os relatos.

As famílias atingidas estão se reunindo para tratar do caso e dos prejuízos que ainda estão sendo contabilizados. A morte de gado e a destruição de plantações de milho e melancia, bem como o assoreamento de trecho do rio são os principais prejuízos apontados até agora.

Moradores se reúnem para discutir ações após prejuízos


Os agricultores têm o milho e a melancia como os principais produtos da região atingida. Eles se preparavam para um grande volume de comercialização desses produtos durante a período da Semana Santa, no mês de abril.

Já os pecuaristas, com medo de perder totalmente seus rebanhos, transferiram os animais para outras localidades três dias após o rompimento das bacias. Eles alegam que os animais iam beber no rio e morriam atolados na areia e na lama.

Necessárias

As bacias de contenção são importantes porque reduzem o pico de escoamento, evitando inundação e a degradação de terrenos e habitações. Também reduzem a carga de contaminantes, controlam a erosão, recarregam os aquíferos e podem ser usadas para armazenar água.

Mas, de acordo com o secretário de Meio Ambiente de São Gonçalo do Gurgueia, "na área de bacia rompida o escoamento está anormal e as águas, lama, detritos e entulhos já atingiram as nascentes dos riachos, como os do Boqueirāo dos Macacos, do Buritizinho e do Buriti do Meio, "além de toda borda da serra do lado destas localidades".

Ele ressalta que rompimento acabou com os brejos e com as nascentes que haviam nas propriedades. Também aterrou muito. Tem lugar agora com quase dez metros de altura só de areia e entulhos”, diz Edilberto.

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