Hoje, 13 de fevereiro, celebramos o Dia Mundial do Rádio, uma data instituída pela UNESCO para reconhecer a importância desse meio de comunicação na sociedade. No Piauí, o rádio desempenhou um papel fundamental ao longo das décadas, sendo muito mais do que uma simples ferramenta de entretenimento. Foi essencial na educação, na difusão de notícias e na construção da identidade cultural piauiense.
O Surgimento das Primeiras Emissoras
Os primeiros passos da radiodifusão no Piauí ocorreram no final dos anos 1930, com transmissões experimentais em Parnaíba. Mas foi somente em 1948 que a capital, Teresina, recebeu sua primeira emissora oficial, a Rádio Difusora. Com uma programação variada entre música, notícias e humor, a estação logo conquistou os ouvintes e se tornou referência na comunicação do estado.
A hegemonia da Difusora começou a ser desafiada nos anos 1960 com a chegada de duas novas emissoras: a Rádio Clube de Teresina, fundada em 1960, e a Rádio Pioneira, inaugurada em 1962. Cada uma trouxe seu próprio estilo e conquistou um público fiel.
A programação das rádios piauienses na época era diversa. O jornalismo radiofônico ganhou força com programas como o Grande Jornal Q-3, da Difusora, e o Almanaquinho no Ar, da Rádio Clube, que traziam notícias locais e nacionais. Já a Rádio Pioneira, ligada à Igreja Católica, investiu em programas educativos e religiosos, buscando levar conhecimento e formação às comunidades mais distantes.
O rádio também foi palco de grandes shows e festivais. Artistas famosos da época, como Erasmo Carlos e Jair Rodrigues, se apresentaram em Teresina por meio de parcerias entre as emissoras locais e rádios do sul do país. Além disso, programas de auditório e radionovelas faziam sucesso, transportando os ouvintes para um mundo de histórias e emoções.
O Papel Social do Rádio
No Piauí da década de 1960, marcado por desigualdade social e alto índice de analfabetismo, o rádio teve um papel fundamental na educação. A Rádio Pioneira, por exemplo, integrou o Movimento de Educação de Base (MEB), um projeto nacional voltado para a alfabetização e formação de trabalhadores rurais. Programas educativos ensinavam desde noções básicas de cálculo até temas como sindicalismo e economia doméstica.
Rodrigo Carvalho, em sua reflexão sobre o papel do rádio na educação, afirmou: "O rádio sempre foi um elo entre o conhecimento e o povo, ultrapassando fronteiras e chegando a lugares onde o acesso a outros meios de comunicação era limitado."
Além da educação, o rádio também foi um espaço de influência política. Muitos comunicadores se tornaram figuras populares e, mais tarde, ingressaram na vida pública, mostrando o poder que a radiodifusão exercia sobre a sociedade piauiense.
Rodrigo Carvalho/Reprodução redes sociais
O jornalista Silvio Barbosa também destacou a resistência e relevância do rádio frente ao avanço das tecnologias de comunicação. Ele disse: "É muito interessante a gente salientar a importância do rádio frente às tecnologias da comunicação. O rádio sobreviveu à televisão. Todo mundo achava que seria muito melhor ter um aparelho de rádio com imagem, a TV, do que um aparelho que só transmite som. Mas o rádio sobreviveu e está muito bem. Nos anos 70, nos anos 80, quando eu trabalhei pela primeira vez em uma rádio em 1987, na Rádio Jovem Pan de São Paulo, o rádio estava muito forte, principalmente no jornalismo. O rádio descobriu que poderia fazer um jornalismo de prestação de serviços, com repórteres ao vivo, na rua, cobrindo acidentes e problemas da cidade de forma ágil, algo que a TV não conseguia fazer."
Silvio Barbosa/Reprodução redes sociais
O Dia Mundial do Rádio
O impacto do rádio não se limitou ao Piauí. Reconhecendo sua importância global, a UNESCO proclamou o Dia Mundial do Rádio em 13 de fevereiro. A ideia surgiu em 2010, por iniciativa da Academia Espanhola do Rádio, e foi formalizada em 2011, após uma ampla consulta com organizações internacionais de radiodifusão. Em dezembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU endossou a data, incentivando estações de rádio em países desenvolvidos a apoiar aquelas em nações em desenvolvimento.
Várias organizações, como a União Europeia de Radiodifusão (EBU) e a International Association of Broadcasting (IAB), apoiam a iniciativa, promovendo eventos e campanhas que reforçam o papel do rádio na sociedade.
Um Legado que Permanece
A chegada da televisão no Piauí, no final dos anos 1960, trouxe novos desafios para o rádio. No entanto, a radiodifusão não perdeu sua importância. Muitos formatos radiofônicos foram adaptados para a TV, e até hoje o rádio segue presente na vida dos piauienses, seja nos programas musicais, jornalísticos ou religiosos.
A história do rádio no Piauí não é apenas um capítulo da comunicação local, mas um reflexo da própria trajetória do estado. Das primeiras transmissões amadoras às grandes emissoras, o rádio foi – e continua sendo – uma voz essencial na construção da identidade cultural e informativa da região.
(*) Sol Castelo Branco é estagiária sob supervisão do jornalista Luiz Brandão - DRT-PI -960
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