É normal
De acordo com Diana Vanni, ginecologista e obstetra, existem estudos que afirmam que os bebês, dentro do útero materno, já se masturbam. “Durante a primeira infância, as crianças também se descobrem e se tocam, porém sem conotações sexuais”, explica. Isso demonstra que a esse é um processo normal, natural e, principalmente, saudável para os seres humanos.
Então, com os hormônios em ebulição e as novas experiências da adolescência, o ser humano passa a ter uma visão sexual. É nesse momento que a masturbação ganha outros significados, em sua maioria, errados. Calos e pelos nas mãos, aumento de espinhas, impotência e desperdício do desejo sexual são alguns dos “efeitos colaterais” errôneos difundidos durante a juventude.
Construindo o tabu
Segundo João Borzino, médico sexologista e terapeuta sexual, a masturbação é um ato de autoconhecimento, autoprazer, de desenvolvimento da fantasia, de conhecimento do corpo e de como ele sente prazer. “A sociedade ainda pensa que o sexo só vai fazer parte da vida das mulheres porque elas vão encontrar um homem, e ele vai precisar. Na prática, a sexualidade feminina ainda é um tabu”, afirma o médico.
Por conta dessa visão, o que era para ser natural e comum é visto como uma prática solitária e isolada. Muitas vezes, até como distúrbio. A vontade de se masturbar tem sim relação com o desejo, mas ela não significa que você tenha uma vida sexual insatisfatória.
Na verdade, é o contrário. De acordo com os especialistas, uma mulher bem-resolvida, que se masturba, conhece seu corpo e sabe qual é a melhor forma de sentir prazer, tem uma vida sexual melhor. “Ela faz com que a mulher comece do beabá e chegue ao nível avançado do sexo”, conta Borzino.
Essa visão que desqualifica quem se interessa por ter prazer (sozinha ou não) continua construindo o tabu em torno da masturbação feminina e desestimulando seu debate e a procura por informações corretas sobre o assunto. “É uma atividade individual e que diz respeito à mulher e mais ninguém. Começa e termina nela”, afirma o especialista.
Sem contraindicações
Não existe nenhuma contraindicação. A masturbação não faz mal para a saúde da mulher. “É uma gratificação, mas não é mesma coisa que a relação sexual”, afirma Borzino. Ela faz parte das apetências, ou seja, é um desejo natural assim como a vontade de comer ou dormir.
Durante a prática, o corpo libera dopamina, substância responsável pela sensação de prazer e recompensa. Com o orgasmo, é a vez da endorfina e da ocitocina serem liberadas, trazendo bem-estar e alívio de tensões não só sexuais.
Muitas mulheres relatam que só conseguem pegar no sono depois de se masturbarem. De acordo com Diana, a masturbação tem esse poder de driblar a insônia por ser relaxante e de ser um método que combate os sintomas da tensão pré-menstrual.
Além disso, ela promove contrações em todo o assoalho pélvico feminino, melhorando as cólicas e diminuindo a frequência de infecção urinária de repetição.
Tem que fazer
A médica fala que as mulheres têm mesmo muita dificuldade em falar sobre o assunto, mesmo entre as quatro paredes de um consultório médico. “É fundamental discutir porque funciona como um grande estalo. Isso desperta o pensamento de que essa atividade é normal, você está explorando o seu corpo”, argumenta.
De acordo com Borzino, cerca de 50% das mulheres têm problemas de disfunção da libido. “Falta se conhecer melhor, se tocar, saber como fantasiar, se libertar. A mulherada precisa dessa ajuda”, fala.
Para essa libertação acontecer não adianta apenas ler sobre o assunto. “Busque ajuda com um sexologista, em um centro de informações, vá ao sex-shop. Tem que fazer”, afirma Borzino.
Fonte: agencias