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INVESTIGAÇÃO

Ex-assessor de Hugo Motta atuava na Conafer durante fraudes bilionárias no INSS

Jeronimo do Peixe esteve no gabinete do deputado enquanto dirigia entidade acusada de descontos indevidos em aposentadorias

Da Redação com informações do Brasil 247

Quinta - 15/05/2025 às 12:35



Foto: Reprodução/Redes sociais Jeronimo Arlindo da Silva Junior, conhecido como Junior do Peixe, foi secretário no gabinete do deputado Hugo Motta
Jeronimo Arlindo da Silva Junior, conhecido como Junior do Peixe, foi secretário no gabinete do deputado Hugo Motta

A investigação da Polícia Federal sobre fraudes no INSS expôs a ligação direta entre o ex-assessor parlamentar de Hugo Motta (Republicanos-PB) e a entidade no centro do escândalo. Jeronimo Arlindo da Silva Junior, conhecido como Junior do Peixe, foi secretário no gabinete do deputado entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, ao mesmo tempo em que exercia o cargo de diretor de Assuntos Institucionais da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil).

A Conafer é uma das 13 entidades investigadas por aplicar descontos associativos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS,  uma prática que teria gerado prejuízo de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Só a Conafer arrecadou mais de R$ 350 mil em 2019 e saltou paraR$ 202 milhões em 2023. Segundo auditoria da Controladoria-Geral da União, 98% dos entrevistados disseram não ter autorizado os descontos.

Durante o período em que acumulava funções na Câmara e na confederação, Junior assinou um ofício reconhecendo responsabilidade sobre o envio de fichas associativas ao INSS e recebimento de notificações judiciais ligadas às fraudes.

Em 2024, ele tentou se candidatar a vice-prefeito de Marizópolis (PB) pelo Republicanos, partido presidido por Motta, e aparece com frequência em postagens ao lado do deputado. Questionado, Hugo Motta não quis comentar o caso. Nem Junior nem a Conafer se manifestaram.

A revelação pressiona ainda mais o presidente da Câmara. A oposição tenta instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os descontos indevidos. Motta, no entanto, diz que a Câmara já atingiu o limite de cinco CPIs simultâneas. Ele sugeriu que os oposicionistas desistam de outras investigações para abrir espaço. Sem consenso, o grupo recorreu a um pedido de CPI mista, que será avaliado pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP).

O escândalo já provocou consequências no governo, com o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi demitido, e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, pediu demissão dias depois. A AGU pediu o bloqueio de R$ 2,56 bilhões em bens de 12 entidades. A Conafer e a Contag, apesar dos altos valores arrecadados, ficaram de fora.

Agora, sob nova gestão, o INSS tenta conter os danos, suspendeu o programa “Meu INSS Vale+” e promete apurar internamente o esquema. No momento, o pasta iniciou a notificação dos beneficiários para repor o prejuízo financeiro dos descontos indevidos.

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Fonte: Brasil 247

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