
O Ministério da Saúde lançou, nesta quarta-feira (23), um pacote de ações do programa Agora Tem Especialistas, com o objetivo de enfrentar a escassez de profissionais na Atenção Especializada, um dos principais desafios do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa prevê mais de 1,7 mil vagas para médicos especialistas, além de 1 mil novas bolsas de residência multiprofissional, incentivos à preceptoria e fortalecimento da formação em oncologia.
O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que destacou o ineditismo da medida. “É a primeira vez que o Ministério da Saúde faz um programa de provimento de médicos especialistas para a Atenção Especializada. Depois do sucesso do Mais Médicos, chega a vez do Agora Tem Especialistas, que vai financiar diretamente o aprimoramento de profissionais já especializados”, disse.
As vagas serão para início das atividades em setembro. (Foto: Rafael Nascimento/MS)
Aprimoramento para especialistas em áreas com carência no SUS
O primeiro edital do programa ofertará 635 vagas para início das atividades em setembro. Os profissionais atuarão diretamente em hospitais e policlínicas da rede pública, com 16 horas semanais de prática assistencial e 4 horas de atividades educacionais, como mentoria remota e imersões em serviços de referência.
Os cursos de aprimoramento, com duração de 12 meses, serão conduzidos por profissionais de hospitais da Rede Ebserh e do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS). Os participantes receberão uma bolsa-formação de cerca de R$ 10 mil.
Para concorrer, os médicos devem possuir certificação pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou título da Associação Médica Brasileira (AMB) na área de atuação. As demais 1.143 vagas ficarão em cadastro reserva. As inscrições serão abertas no dia 28 de julho, por meio da plataforma da UNA-SUS.
Residência multiprofissional ganha reforço com mil novas bolsas
Outra frente do programa prevê 1 mil novas bolsas para residências multiprofissionais, voltadas a perfis como enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos. As especialidades priorizadas incluem saúde da mulher, oncologia, reabilitação, deficiência e Atenção Primária à Saúde.
Segundo o ministro, o conjunto de ações fortalece toda a rede do SUS. “O programa envolve todos os níveis das nossas redes do sistema de saúde, desde a Atenção Primária passando pela Atenção Especializada, capacitação das equipes, desenvolvimento de políticas de formação profissional, estruturas de saúde mais novas e mais ágeis, novos mecanismos de parcerias com o setor privado, além da qualificação dos dados”, explicou.
Mais incentivo para preceptores e reconhecimento da titulação médica
Com previsão de impactar mais de 1,9 mil profissionais, o programa também anunciou incentivos financeiros à preceptoria. Na residência médica, coordenadores e preceptores receberão R$ 4 mil para cada três vagas autorizadas, totalizando um investimento de R$ 97,7 milhões até 2026.
Na residência multiprofissional, o incentivo será de R$ 3 mil para coordenadores e preceptores (a cada cinco vagas), além de R$ 2 mil para tutores, somando R$ 12,2 milhões até o final de 2025.
Outro avanço é o reconhecimento do Registro de Qualificação de Especialista (RQE) como critério de acesso a subespecialidades, o que valoriza a titulação médica nacional e reduz barreiras formativas, promovendo integração entre a carreira profissional e acadêmica.
Formação em oncologia e preenchimento de vagas ociosas
Na área da residência médica, o ministério anunciou a realização de uma segunda entrada de residentes já em 2025, com o objetivo de preencher vagas ociosas por meio das listas de espera dos processos seletivos anteriores.
O fortalecimento da formação em oncologia também foi incluído no pacote. Médicos residentes em áreas como Patologia e Radioterapia terão acesso a uma trilha educacional complementar, com foco em competências práticas e atuação supervisionada. Aqueles que aderirem poderão receber a bolsa-formação adicional.
Fonte: Ministério da Saúde