A celebração do Dia de São Francisco de Assis, neste 4 de outubro, coloca em foco a relação entre espiritualidade e ativismo ambiental em um contexto de aquecimento global, perda de biodiversidade e eventos climáticos extremos. A visão do santo de Assis, que no século XIII já tratava a natureza como irmã e não como recurso disponível, antecipou conceitos que hoje são centrais no debate ambiental. Na época, ele ofereceu uma base espiritual para o cuidado ambiental que permanece atual nove séculos depois.
Para o Frei Luiz Henrique Santana Santos, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos de Teresina, essa visão tem tocado muito a juventude. "Os jovens podem realizar de maneira mais eficiente o cuidado que não foi feito no passado", afirma o religioso. Estudos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) confirmam que a participação juvenil em movimentos ambientais tem crescido bastante nos últimos cinco anos.
A figura de São Francisco de Assis é uma referência histórica para o debate sobre os cuidados com o meio ambiente. Os principais conceitos do santo da ecologia estão na encíclica Laudato Si', publicada pelo Papa Francisco em 2015. O documento completa uma década com uma mensagem que permanece atual: tudo está interligado.
“Nesta encíclica o Papa faz um alerta, aconselhando que devemos mais do que nunca ter um maior cuidado com o planeta, que ele chama de casa comum. ‘Nunca maltratamos e ferimos tanto a nossa casa comum como nos últimos dois séculos’”, alerta o Frei Luiz Henrique, citando o documento.
A publicação do Papa Francisco argumenta que o modelo global de desenvolvimento leva tanto à degradação ambiental quanto à exclusão social e propõe o conceito de "ecologia integral", uma visão abrangente que interliga todas as dimensões da vida: ambiental, social, econômica, cultural e espiritual. Na perspectiva franciscana, o homem não era proprietário da natureza, mas sim irmão mais velho, com responsabilidades de cuidado e proteção para com seus irmãos menores, que seriam as demais criaturas.
Para o frei, podemos começar a ajudar a preservar nossa riqueza ambiental com gestos simples. “O cuidado com o meio ambiente é uma tarefa de todos. Mas bem sabemos que em meio a esse todo, só alguns se preocupam com as consequências de um planeta destruído. A missão de cuidar de nossa casa comum começa nos pequenos atos: plantar uma nova planta, não permitir o corte de árvores, não desperdiçar água. Essas são pequenas atitudes que mostram que estamos cuidando de nosso lar chamado planeta Terra”.
Como as próximas gerações serão as mais afetadas pelas mudanças climáticas, os jovens vêm se mobilizando e influenciando discursos, políticas e comportamentos por meio de múltiplas formas de ativismo e resistência. “Belo é saber que existem jovens que desde cedo desejam um meio ambiente preservado e melhor. Os jovens são a semente nova do nosso planeta, neles vemos esperança pois podem realizar de uma maneira bem melhor, o cuidado que não foi feito no passado e que agora, no hoje da história, pode começar a ser feito”, acredita o Frei.
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