Economia

PREÇOS

​Gripe aviária pode derrubar preço do frango no Brasil

Oferta interna deve crescer com exportações em queda; impacto na inflação será limitado, dizem analistas

Da Redação com informações do Brasil 247

Quarta - 21/05/2025 às 08:57



Foto: Reprodução/Lucas Jackson Consumidor pode se beneficiar com redução no preço do frango após queda nas exportações
Consumidor pode se beneficiar com redução no preço do frango após queda nas exportações

Com a confirmação de casos de gripe aviária no Rio Grande do Sul e a suspensão temporária das exportações brasileiras de carne de frango por ao menos 17 países, o consumidor brasileiro pode sentir, já nos próximos dias, um alívio no bolso. A expectativa é que o aumento da oferta interna provoque uma queda nos preços da proteína — ainda que o impacto sobre a inflação oficial do país seja pequeno e momentâneo, segundo especialistas do setor.

As projeções indicam uma redução de 3% a 5% nos preços da carne de frango nas próximas semanas, reflexo da sobreoferta provocada pela retração nas vendas ao exterior. A avaliação é de Adriano Valladão, economista do banco Santander com foco em inflação, que vê um impacto imediato, mas passageiro, sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "A estimativa é bem preliminar, devido às elevadas incertezas sobre o que vai acontecer. Parte da produção que não será enviada ao exterior deverá ser redirecionada ao mercado interno, o que deverá provocar uma redução nos preços", afirmou Valladão.

Ele explica que, com o aumento da disponibilidade da carne de frango, é possível que outras proteínas, como a bovina e a suína, também sofram pressão nos preços. "Se a demanda pelo frango aumentar, a tendência é que os produtores de outras proteínas reduzam preços para atrair consumidores", completou.

Ministério descarta impacto nos preços

Apesar das projeções de analistas, o governo federal não prevê variações significativas nos preços ao consumidor. Em entrevista coletiva dada nesta segunda-feira (19), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, garantiu que a estrutura do setor é robusta o suficiente para absorver os efeitos da suspensão temporária das exportações.

"Acredito muito mais em pequenas variações. Pode ter um excesso de oferta por 10 ou 15 dias, mas logo será redirecionado para outros países ou retomado por aqueles que flexibilizarem seus protocolos. Portanto, eu acredito muito mais na estabilidade", disse o ministro.

Fávaro destacou que o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, com uma produção voltada majoritariamente ao mercado interno. Em 2024, o país exportou 5,2 milhões de toneladas para 151 países, o que representou 35,3% de sua produção total. Os principais polos de exportação — Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul — concentram 78% dos embarques.

Exportações suspensas

Até o momento, 17 países anunciaram suspensão nas importações de carne de frango brasileira. Sete deles — como México, Coreia do Sul, Chile e Canadá — comunicaram a medida diretamente ao governo. Outros dez aplicaram automaticamente as sanções com base em acordos sanitários. Estão nessa lista países como China, União Europeia, África do Sul e Rússia.

Alguns mercados, no entanto, limitaram as suspensões ao estado do Rio Grande do Sul ou ao município de Montenegro, onde um dos focos foi registrado. Entre eles, Arábia Saudita, Japão, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido. O Brasil ainda mantém, por ora, as exportações de ovos para os Estados Unidos, um de seus maiores compradores, inalteradas.

Apesar das perdas na balança comercial, o consumidor brasileiro pode, ao menos temporariamente, se beneficiar da situação com uma carne de frango mais barata nas prateleiras. No entanto, tanto o governo quanto analistas reforçam que o impacto será discreto, restrito a um período de curto prazo e sem grandes reflexos no quadro inflacionário do país.

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Fonte: Brasil 247

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